São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997 |
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'Estragaram o Dia dos Pais e a negociação com o SBT'
LEILA CORDEIRO Não sei qual foi a intenção de vocês ao publicarem a votação dos piores da TV. Se foi para estragar o Dia dos Pais de muitos profissionais sérios e dedicados, podem alegrar-se, pois conseguiram. Se a intenção foi prejudicar a vida profissional de pessoas que estão negociando transferência de emissora ou rediscutindo contratos, idem.Acho que uma brincadeira saudável até que não faria tanto estrago. Mas, na verdade, o tal prêmio misturou gente séria com os bicões, oportunistas que existem em todas as profissões. No nosso caso, lamentamos o total desconhecimento da nossa vida e do nosso trabalho. Jamais uma colunista poderia dizer que, ao dar uma notícia, não sabemos do que falamos. Ela nunca conversou conosco, não sabe o nosso nível de informação. Desconhece ela que muitos textos e comentários que apresentamos são redigidos por nós mesmos. Tem sido assim no SBT, há quatro anos e meio, e nas outras emissoras por que passamos. Os que citaram nossos nomes desconhecem ou esqueceram nosso passado de lutas e desafios. Desconhecem, por exemplo, que apresentamos o "Jornal da Globo" de preto, em sinal de luto pela derrota da emenda das Diretas, em 1984, o que gerou uma advertência da emissora. Desconhecem que, em 89, em um "Jornal Nacional", levantamos o texto e lemos na mão, em sinal de protesto, um editorial de "O Globo" contra Leonel Brizola. Outra advertência. Se esquecem de que fomos, os dois, âncoras da Globo, que deixaram a emissora por se recusarem a ler os editoriais de "O Globo" quando a própria emissora tinha exigido de seus apresentadores total isenção política, naquele ano eleitoral de 89. Se esquecem ou desconhecem que, no mesmo ano, já no "Jornal da Manchete", entrevistamos o então candidato Fernando Collor, que, ao deixar o estúdio, declarou que "nunca mais daria entrevista para o Eliakim". Ele foi além: ao assumir, Collor pediu a nossa cabeça à direção da Manchete, que nos apoiou. Coincidência ou não, recebemos no início do governo Collor a visita de fiscais da Receita, que vasculharam nossas contas -e nada encontraram de irregular. Desconhecem também que rompemos unilateralmente nosso contrato com a Rede Manchete, em 92, na época controlada pelo grupo IBF, por atraso no pagamento. Nesse mesmo período, embora com contrato em vigor, apoiamos a greve dos jornalistas da emissora por melhores salários e deixamos de apresentar o "Jornal da Manchete". Enfim, nossa trajetória tem sido assim. Para nós, o importante é ter uma história de coragem e desafios, para passar para os nossos filhos. E isso nós temos de sobra, com muito orgulho. Texto Anterior: Eleitos contestam prêmio da Folha Próximo Texto: CBS vai lançar canal em português Índice |
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