São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Fertisul reestrutura-se e anima investidor

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se já era bem recomendada, a Fertisul, fabricante de fertilizantes, deu bom motivo para que os analistas reforçassem suas projeções positivas na semana passada.
A Fertisul convocou uma Assembléia Geral Extraordinária para o próximo dia 21, na qual será proposta uma ampla reestruturação societária.
A empresa incorporará outras três empresas do grupo: Arafértil e Ipiranga-Serrana Fertilizantes, do setor de fertilizantes, e Serrana Mineração, do setor de minérios.
Logo depois do anúncio, o Banco Boavista deu para Fertisul PN a melhor recomendação possível: "strong buy" (compra com ênfase). Até então, a recomendação era "buy", ou apenas compra.
O banco de investimento Fonte Cindam, que já vinha atribuindo "strong buy" às ações, reafirmou sua avaliação, considerando Fertisul PN os papéis com maior "upside" (potencial de alta) do setor de fertilizantes. O Banco Fator reforçou recomendação de compra.
"Essa incorporação vai trazer maior faturamento à Fertisul e possibilidade de maior rentabilidade", diz a analista do Fonte Cindam, Renata Fontes.
Para Graça Paiva, gerente da área de análise do Boavista, a incorporação trará redução de custos, além de acelerar as decisões.
O Fonte Cindam distribuiu uma análise da reestruturação na última quarta-feira, em que considera que a incorporação dos ativos das três empresas será feita a preços subavaliados.
Pelo valor patrimonial das empresas, a incorporação de 50% da Arafértil, 50% da Ipiranga-Serrana Fertilizantes e 99,99% da Serrana de Mineração representará um aumento de capital de R$ 92 milhões na Fertisul.
Segundo Renata Fontes, a avaliação das empresas pelo critério de "fluxo de caixa descontado" mostra que o valor dessas participações seria de R$ 196,5 milhões. As análises do Boavista também levam a números aproximados.
Antes mesmo da incorporação, ambos os bancos estimavam que a Fertisul está cotada em Bolsa muito abaixo do que seria o seu "preço justo". O justo, para as analistas, seria que a empresa valesse entre US$ 126,4 milhões (Boavista) a US$ 126,5 milhões (Fonte), o que equivaleria a US$ 11,62 por lote de mil ações.
Na última sexta-feira, Fertisul PN fechou a R$ 6,80 o lote de mil. Se antes o espaço para valorização já era grande, agora aumentou. Teresinha Muniz, analista do Banco Fator, prefere ser mais cautelosa. "As ações da Fertisul já subiram mais de 170% este ano, por isso não elevamos a recomendação. Acredito que até o final de 97 os papéis podem subir mais 30%."
Outro ponto que salta aos olhos das analistas é o ganho de transparência. As três empresas que serão incorporadas têm capital fechado, o que dificulta sua análise. Agora, será possível obter informações e conhecer mais o negócio.
A iniciativa da reestruturação demonstra que os planos anunciados pelo grupo argentino Bunge -controlador da Fertisul- de fortalecer seus negócios no setor de fertilizantes brasileiro estão sendo implementados.
Foi nesse sentido que em 96 o grupo Bunge adquiriu, por meio da Serrana S.A., 51,3% do capital total da Fertisul, que estavam nas mão do Grupo Ipiranga. Com isso, a Serrana tornou-se a acionista controladora da Fertisul.
Embora em 1996 a Fertisul tenha fechado com um prejuízo de US$ 16,1 milhões, a sua aquisição pelo grupo Bunge gerou estimativas de lucro para 1997 e 1998 na faixa de US$ 19 milhões a US$ 23 milhões.
No seu caminho para crescer no setor de fertilizantes, o grupo Bunge tem como principal adversária a Manah. O grupo encerrou 96 com 11,7% do mercado brasileiro de fertilizantes de mistura, na segunda posição. A primeira colocada foi a Manah, com 14%.
O caminho para a liderança no setor poderá ser mais curto se confirmada a compra da IAP, que detém 4% do mercado. Segundo o grupo Bunge anunciou, está em andamento um processo de auditoria na IAP, após o qual deverá ser fechada a compra.
Sempre que se anuncia uma reestruturação societária, logo surge a dúvida: e os minoritários, também vão sair ganhando ou vão perder? Para as analistas, não há motivos para preocupação. Embora a participação dos minoritários vá ser diluída em termos percentuais -a Serrana ampliará sua fatia na Fertisul de 58% para 81,5%-, ela se manterá em valor, devido à incorporação dos novos ativos.

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