São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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O melhor Oasis emerge do barulho

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tudo é uma questão de estratégia. Primeiro, a gente faz um álbum que garanta nosso lugar no mercado. Depois, um segundo álbum que toque muito nas rádios, com canções fáceis de assobiar e cantarolar. Bem Beatles, sabe? Aí, no terceiro disco, a gente mostra para a molecada quem manda no rock dos anos 90. Combinado?"
Não, Noel Gallagher nunca disse uma coisa dessas aos outros integrantes do Oasis. No entanto, a brincadeira serve para resumir a trajetória consagradora mais fulminante que o rock já assistiu.
Se os meses seguintes ao lançamento de "(What's the Story) Morning Story?" -2º álbum do grupo, de 1995- foram gastos com especulações sobre o Oasis poder ou não superar os Beatles como a maior banda da história, o que vai acontecer a partir desta quinta, quando sai o terceiro CD?
A crítica britânica já se manifestou, em unanimidade, colocando "Be Here Now" como o melhor disco da banda. Qualquer audição isenta vai atestar isso.
Até o CD anterior, o Oasis era Beatles misturado com Sex Pistols. As canções pareciam de Lennon e McCartney se esses tivessem vivenciado o furacão punk.
Em "Be Here Now", o Oasis mantém belas harmonias e fúria rock and roll, mas volta barulhento, muito barulhento. Parece um desafio a Prodigy, Nine Inch Nails, Marilyn Manson e outros ícones juvenis desta década ruidosa.
É como se os irmãos Gallagher transformassem sua habitual arrogância em manifesto musical. São moleques chamando "pro pau" o resto da turma. "Fazemos tanto barulho quanto vocês, mas nossas melodias dão de dez nas suas!"
Explosões, código morse, palmas, portas batendo, helicópteros e outros ruídos transformam "Be Here Now" num "Sgt. Pepper's" hardcore. No meio da barulheira, Noel, autor de todas as faixas, cria frases de guitarra que grudam no ouvido. Liam está cantando melhor, e os outros (Alan White, bateria, Bonehead, guitarra, e Paul McGuigan, baixo) seguem o líder.
Há cinco fortes candidatas a hit: o já sucesso "D'You Know What I Mean?", "Stand By Me" (música alegre, "pra cima"), "Be Here Now" (rock balançado, com assobios fazendo papel de riff de guitarra), "All Around the World" (balada épica, "a melhor música que já escrevi", segundo Noel) e "It's Gettin' Better (Man!)", rock pesadão de levantar estádios.
O álbum tem a maior tiragem inicial de um CD na história fonográfica britânica: 1 milhão. Esse estoque deve durar três semanas.
Os dois primeiros álbuns, que venderam 20 milhões de cópias no mundo, voltaram aos cinco primeiros lugares das paradas rebocados pela expectativa do novo álbum. A gravadora da banda prevê que o grupo atinja 40 milhões de CDs vendidos até o fim do ano.
Se alguém ainda acha que não sabe se vai ou não gostar da banda, o melhor é comprar logo "Be Here Now". Para que adiar o inevitável?

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