São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Livro traz entrevista com Woody Allen

DA REPORTAGEM LOCAL

Num dos melhores momentos de "Best Seat in the House", autobiografia de Spike Lee, o diretor entrevista Woody Allen sobre suas lembranças de basquete.
Como Lee, Allen é um nova-iorquino apaixonado pelo time da cidade, o New York Knicks, e com frequência assiste partidas da NBA no Madison Square Garden.
Leia abaixo alguns trechos da conversa entre os dois cineastas:
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Spike Lee - Por que você adora basquete?
Woody Allen - Adoro esse esporte porque é o único em que a expressão individual de cada jogador pode ser mostrada. O estilo de cada jogador é muito claro e evidente. Não há semelhanças entre dois jogadores. Cada grande jogador, como Magic Johnson, Isiah Thomas ou Walt Frazier, é um artista.
Lee - E o que você não gosta no basquete?
Allen - Não me incomodo com o dinheiro que os jogadores ganham, porque acho que eles certamente merecem isso. Não gosto da expansão exagerada (da NBA), porque é difícil encontrar tantos bons jogadores por aí.
Lee - Você acha que Michael Jordan está no nível de um Picasso ou um Louis Armstrong?
Allen - Michael é o maior artista do esporte, sem dúvida. (...)
Ele quase nunca decepciona. Michael é um grande, um grande poeta com uma bola de basquete. Penso no basquete, e tenho certeza que você também, nos mesmos termos do jazz. É a criação espontânea de algo.
Você dá uma bola a Michael Jordan e ele cria para você.
Lee - Ouço Woody falar de uma cena de basquete que ele filmou e nunca usou.
Allen - É, era uma cena sensacional que tive que cortar de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" ("Annie Hall"). Filmei uma sequência em que um time de intelectuais e filósofos disputava uma partida contra os Knicks. Usei o time que foi campeão em 72-73. Eles jogavam contra Kierkegaard, Nietzsche e eu mesmo, pessoas que são muito cerebrais e que não conseguem fazer nada sem pensar muito. Nenhuma espontaneidade. Tudo tinha que ser debatido. Era engraçado...

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