São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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HEGEMONIA TELEFÔNICA

A Comissão Federal de Telecomunicações, órgão regulador do setor nos Estados Unidos, anunciou recentemente o que talvez se possa considerar a mais revolucionária mudança nas regras de jogo das telecomunicações globais. O plano das autoridades norte-americanas desafia as teles de todo o mundo a reduzirem seus custos. Ou perecerem.
Em cada país, a empresa de telecomunicações cobra uma taxa para completar uma ligação internacional. Esse custo, nas chamadas feitas a partir dos Estados Unidos, estará sujeito a tetos definidos unilateralmente pelo órgão dos EUA.
A comissão quer reduzir o custo das chamadas internacionais (dos atuais US$ 0,88 para US$ 0,20 por minuto), estabelecendo ainda que a tarifa máxima a ser paga às operadoras estrangeiras dependerá do grau de desenvolvimento de cada país, depois de uma fase de adaptação.
A redução radical nos valores das tarifas telefônicas internacionais a partir dos EUA tem um significado evidente: diminuição de custos para as empresas norte-americanas, que estão entre as mais plenamente globalizadas da atualidade. Ou seja, fazem intensivamente chamadas telefônicas internacionais.
A decisão também está relacionada ao processo de abertura dos mercados, iniciado com o acordo sobre telecomunicações firmado na Organização Mundial do Comércio. Sobreviverá apenas quem tiver condições de crescer, investir e modernizar-se num ambiente de competição crescente e tarifas declinantes.
O desafio colocado para os países em desenvolvimento é enorme. Em muitos casos, como no Brasil, o processo de privatização mal começou, e o esforço necessário para reduzir custos e tarifas ainda é grande.
Ao tentar regular globalmente as tarifas, entretanto, os EUA anunciam uma nova era, na qual pretendem impor ao resto do mundo seu ímpeto hegemônico num setor e numa tecnologia cruciais para o futuro das empresas e das economias.

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