São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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Temperatura de julho bate média histórica

FABIO SCHIVARTCHE

FABIO SCHIVARTCHE; GUILHERME MARANHÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Temperatura ficou 2,4°C acima da taxa média de SP registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

A temperatura média na cidade de São Paulo durante o mês de julho deste ano foi 2,4°C maior que a média do mesmo mês nos últimos 30 anos, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A média histórica para o mês é de 15,8°C. Este ano, o instituto registrou uma média de 18,2°C. Em comparação com o ano passado, o aumento foi de 1°C.
Nos últimos dias a temperatura máxima na capital vem aumentando. No dia 11, foi de 21°C. Nos dias seguintes, 24,5°C, 24°C, 26,2°C, 28°C, 28,2°C, 28,6°C e 28,7°C.
Ontem, a temperatura máxima foi de 28,3°C e a previsão para hoje é de muito calor: por volta de 29°C.
"Mesmo com esse balanço parcial e a tendência de um agosto de muito calor, ainda é prematuro dizer que estamos vivendo o inverno mais quente dos últimos anos", diz o chefe do Cptec, Prakki Sapyamurti.
Segundo ele, é preciso esperar o final do mês para fazer um balanço geral das temperaturas para comparar com os dados dos anos anteriores.
O mês de junho de 1997 foi considerado típico pelos técnicos do Inpe. A temperatura média foi de 16,5°C, exatamente a mesma média dos últimos 30 anos.
Com o calor dos últimos dias, muitos paulistanos alteraram sua rotina. O estudante Gustavo Reis Dallemolle, 20, aproveitou a tarde de ontem para jogar truco e tomar cerveja com os amigos na "prainha" da avenida Paulista (região central da capital). "Com esse calor, só na cervejinha", disse.
El Niño
Segundo Sapyamurti, uma provável explicação para a ocorrência deste inverno quente é a ação do El Niño, o fenômeno climático de aquecimento das águas do oceano Pacífico equatorial leste que interfere no clima de diversas regiões do planeta.
Normalmente, as águas mais profundas (e mais frias) dessa região sobem em direção à superfície, causando o processo conhecido como ressurgência -o resfriamento do oceano.
Quando o El Niño (que tem um ciclo que varia de um ano e meio a dois anos) ocorre, a ressurgência diminui, levando ao aquecimento da água. A temperatura pode se elevar em até 5°C.
"Estamos estudando os mapas climatológicos e nos baseando em nossas evidências para saber se foi isso que ocorreu", disse Sapyamurti.
Poluição
A Cetesb (agência ambiental paulista) registrou ontem quatro estações medidoras de poluição com qualidade de ar inadequada. Na capital, apenas a região de Congonhas teve alta concentração de monóxido de carbono (CO).
Além da poluição, a baixa umidade relativa do ar está contribuindo para agravar os problemas respiratórios dos paulistanos.
Segundo a Cetesb, em um dia normal a umidade na cidade de São Paulo é de 60%. Ontem, às 15h (um dos horários mais secos do dia), a umidade relativa do ar era de 27%.
Às 15h do último sábado a Cetesb registrou apenas 17,3% de umidade relativa do ar na estação de São Caetano -um dos dias mais secos do mês.
Nesse mesmo final de semana o Hospital das Clínicas teve um grande aumento da procura pelo pronto-socorro por causa de doenças respiratórias -principalmente bronquite e asma. "Estamos vivendo dias muito secos nas últimas semanas, mas é o que sempre ocorre nos meses de inverno", diz o gerente de qualidade ambiental da Cetesb, Cláudio Alonso.

Colaborou o repórter-fotográfico Guilherme Maranhão

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