São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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'Estão querendo produzir um cadáver'

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) acusou ontem fazendeiros e sem-terra da região do Pontal do Paranapanema de quererem "produzir um cadáver".
"Tem gente dos dois lados querendo produzir um cadáver. A crise está sendo insuflada", afirmou.
Anteontem, o presidente do Sindicato Nacional dos Produtores Rurais, Narciso Clara, disse que os seguranças das fazendas da região vão "atirar para matar" na defesa das propriedades.
A ameaça foi uma resposta à retomada das invasões de terras pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), nesta semana.
Sem citar nomes, Jungmann disse que os responsáveis pelo acirramento do conflito na região têm motivações políticas.
"A reforma agrária é uma questão social, mas há quem queira tirar proveito eleitoral."
O ministro afirmou que a crise atual é "artificial", citando como indício o clima de tranquilidade que encontrou no Pontal do Paranapanema há cerca de 15 dias.
"Havia cerca de mil militantes sem terra e ruralistas aplaudindo o que o governo está fazendo na região. Não estamos fazendo reforma agrária no Pontal? São 58 áreas, 65 mil hectares e 3.000 assentados", afirmou.
Sobre a ameaça do MST de invadir agências bancárias, Jungmann disse que se trata de um "problema de polícia".
"É uma questão que precisa ser resolvida pelos governos estaduais. É uma questão de ordem pública, de polícia, e assim deve ser tratada. Preciso tocar a reforma agrária e não tenho instrumentos para resolver problema de invasão de banco", disse Jungmann.
O ministro também comentou a fundação do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), organização que defende uma "revolução socialista" a partir da luta pela terra.
"A criação (do MLST) está de acordo com a Constituição, que permite que as pessoas se organizem. Mas as pessoas também precisam respeitar a Constituição e as leis", afirmou.

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