São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 1997
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Ilustre desconhecido

EDUARDO OHATA

Como um campeão que há anos é reconhecido por todos os especialistas como um dos melhores boxeadores entre todas as categorias pode desenvolver a carreira na anonimidade? Um lutador que conquistou o título mundial em 25 de outubro de 1990, e o mantém até hoje? Atualmente ele é o pugilista que por mais tempo vem mantendo o cinturão.
Esse mesmo atleta, invicto, une uma fortíssima pegada -já produziu nocautes espetaculares em quase todos os assaltos- à mais refinada técnica.
Considere que amanhã, quando unificar o cinturão do CMB (Conselho Mundial de Boxe) com o da OMB (Organização Mundial de Boxe), ao enfrentar o porto-riquenho Alex Sanchez, ele também estará batendo outro recorde. Será sua vigésima defesa de título -a primeira vez em que um lutador (sem considerar a categoria dos pesos pesados) coloca um mesmo cinturão em jogo por tal número de vezes.
Pois esse fenômeno do esporte existe, é Ricardo Lopez. O difícil é lembrar de seu nome.
O promotor de lutas Don King vem "escondendo" o mexicano em preliminares de estrelas como Júlio César Chávez e Mike Tyson. Tudo porque os executivos das TVs norte-americanas acreditam que "quanto maior o tamanho maior a audiência".
Nessa brincadeira, até mesmo "atrações" como Christy Martin e "Butterbean" (um gorduchão com toneladas de carisma, mas pouca técnica) têm mais espaço que Lopez, seguramente um futuro Hall of Famer.
Nos últimos meses, a TV a cabo HBO, dos EUA, começou a investir nas categorias mais leves. Uma pena que Lopez seja contratado de King, que negocia exclusivamente com a rival da HBO, a Showtime.
A esperança para Lopez é que as próximas gerações se lembrem dele com carinho. Talvez em alguns anos as pessoas finalmente entendam que tamanho não é documento.

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