São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997 |
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Trilogia de Dionisio Neto desmorona
DANIELA ROCHA
Depois do adiamento da estréia de "Desembest@i!" -que foi totalmente reestruturada para entrar em cartaz por apenas cinco dias, de 27 a 31 de agosto, no Centro Cultural-, nesta semana, o espetáculo "Perpétua" teve sua temporada cancelada, enquanto "Opus Profundum", que fará as duas últimas apresentações hoje e amanhã, teve texto cortado e substituições no elenco na última hora. Em resumo, nenhum espetáculo cumpriu a temporada combinada com o Centro Cultural. Quem for às apresentações de "Opus Profundum", assistirá um espetáculo incompleto. A estrutura da "peça-festa-manifesto-show" contava com a banda e os dançarinos da Unidade Móvel e a atuação de apenas três atores em monólogos separados. Um dos monólogos foi cortado e outro, ensaiado às pressas com a atriz Samantha Monteiro. Para viabilizar a apresentação de "Desembest@ai!", Dionisio Neto passou a direção para Leonardo Medeiros, que dirigiu "Perpétua". Medeiros assumiu o espetáculo com carta branca para mudar completamente a peça, que teve estréia desastrada na última Jornada Sesc, mesmo contando com uma ajuda de custo de R$ 7.000. O autor da "Trilogia", Dionisio Neto, justifica que os problemas aconteceram por excesso de trabalho ligado à falta de dinheiro e de profissionalismo da equipe. "Adoraria ter um produtor competente que fosse atrás de dinheiro, mas não é assim. Em vez de estar preocupado com a obra eu tenho que me preocupar com a grana para a encenação." Ele afirma que de agora em diante só vai montar seus espetáculos quando tiver "patrocínio decente". "Sou fiel a mim e não faço concessão. Ou realizo do jeito que pensei ou não faço. Tenho obras e me expresso por elas." Os motivos para a saída de atores variaram de problemas de saúde a brigas com o diretor, Dionisio Neto. "Dionisio é um diretor que não respeita seus atores e não é profissional com eles", disse Alessandro Eugênio, que foi dispensado e "readmitido" no elenco de "Desembest@ai!" em questão de horas. Acusado por seus atores de ser narcisista, Dionisio Neto retruca: "Não sou socialite para ter egotrip, sou um artista. O que sinto é muito provincianismo e falta de noção das pessoas para lidar com o que é arte. Trabalho com referências. Se as pessoas não leram o livro que eu li, fica difícil", afirmou o autor da "Trilogia do Rebento". Texto Anterior: Documentário é 'manifesto do cinema não industrial' Próximo Texto: Herói vivo da esquerda mostra que ainda milita Índice |
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