São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997 |
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Herói vivo da esquerda mostra que ainda milita
MARCELO RUBENS PAIVA
Foi um emocionante encontro de velhos camaradas e novos companheiros, que contou com a apresentação do historiador Jacob Gorender e do crítico Antonio Candido. Lá estavam as diversas correntes da esquerda, trotskistas, stalinistas, ex-combatentes, ex-guerrilheiros da ALN (Aliança de Libertação Nacional), PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), partido ao qual o homenageado aderiu, nos anos 60, e PT, partido que ajudou a fundar, em 80. Gorender foi o primeiro a falar. Citou a fragmentação da esquerda e traçou um perfil histórico do militante que nasceu em 1912, em Corumbá, atuou na ANL (Aliança Nacional Libertadora), entrou para o PCB, em 37, lutou na Guerra Civil Espanhola e combateu os nazistas na França, com a resistência. Antonio Candido falou como crítico literário. Disse que "Vale a Pena Sonhar" é um livro importante e atraente, devido à naturalidade da narrativa. Citou o narrador de "Grande Sertão: Veredas" (Guimarães Rosa): "Por que não se vê outro assim, com tão legítimo valor, capaz de ser sem querer ser?" Por fim, foi a vez de Apolonio falar. Disse que, apesar dos 85 anos, é publicado seu primeiro livro, que não se trata de análise científica do passado recente. "Rememorar traz desvios, limites, mas permite a continuidade", surpreendeu Apolonio. Isso mesmo que ele falou -em continuidade. "Neste século, as esquerdas sofreram muitas derrotas e tiveram poucas vitórias. Mas houve conquistas importantes para o nosso povo no quadro sindical, no fim das guerras mundiais e no respeito aos direitos humanos", lembrou. O velho revolucionário ainda milita. Diante de uma esquerda mergulhada em dúvidas, Apolonio fala em "nova esquerda", "horizontes alternativos" e "continuar a sonhar". O herói se mostra incansável. Texto Anterior: Trilogia de Dionisio Neto desmorona Próximo Texto: Body Count lança disco mais agressivo Índice |
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