São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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107 tutsis são mortos em Ruanda

Crime é atribuído a guerrilha hutu

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ao menos 107 tutsis foram mortos e 30 feridos, presumivelmente por guerrilheiros hutus ruandeses, em acampamento para refugiados no noroeste de Ruanda, informaram ontem as Nações Unidas.
Pamela O'Toole, porta-voz da agência para refugiados da ONU (Acnur), informou que os tutsis do acampamento de Mudende foram assassinados anteontem à noite a golpes de facão e com tiros.
Os refugiados, cerca de 8.000 em Mudende, haviam saído do vizinho Congo (ex-Zaire) fugindo dos combates entre guerrilheiros tutsis e hutus em 1995 e 96.
Segundo O'Toole, autoridades de Ruanda, governada pela etnia tutsi, disseram que 120 pessoas foram mortas no ataque de quinta-feira e culparam os rebeldes hutus pelo massacre.
O episódio foi relatado à ONU pelo grupo de ajuda humanitária Adventist Relief. O'Toole disse que vai mandar enviados à região hoje.
Tutsis e hutus, etnias rivais, têm protagonizado diversos episódios violentos nos últimos anos em disputa pelo poder nos países da região dos Grandes Lagos africanos.
No pior deles, mais de 800 mil tutsis e hutus moderados foram mortos em 1994 depois que o então governo hutu radical de Ruanda incitou um massacre no país.
No mesmo ano, rebeldes tutsis conseguiram depor o governo ruandês, o que provocou a fuga de mais de 1 milhão de hutus, entre eles diversos soldados derrotados na guerra civil. Eles foram para o leste do ex-Zaire, então presidido pelo ditador Mobutu Sese Seko.
Em 96, o ditador viu nascer no leste do país um movimento rebelde formado por tutsis e que o deporia em maio deste ano. A vitória tutsi obrigou os hutus ruandeses a voltarem para seu país. Nos últimos meses, os choques entre as etnias têm sido frequentes na fronteira de Ruanda com o ex-Zaire.

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