São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Aviões do Bamerindus voam a cada 15 dias para não enferrujar

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cada 15 dias, os inspetores do BC chamam um dos dois pilotos da Araucária Aerotáxi Ltda, empresa que ficou no Bamerindus "podre". É preciso voar pelo menos três horas com os dois aviões Learjet para que eles não enferrujem no hangar da empresa.
Os aviões da empresa eram usados com regularidade pelo ex-banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira, senador pelo PTB-PR. O preferido de Andrade Vieira era o modelo 55, avaliado hoje em aproximadamente R$ 4,5 milhões.
O Learjet 55 levou Fernando Henrique Cardoso para vários lugares durante a campanha eleitoral para a Presidência.
Quando Andrade Vieira exerceu o cargo de ministro da Agricultura, muitos integrantes do governo pegaram carona na rota Brasília-São Paulo.
Um dos aviões está em São Paulo para manutenção obrigatória. O liquidante nomeado pelo BC tem a responsabilidade de manter os aviões sempre em funcionamento.
Os inspetores do BC se esforçam para alugar os aviões para empresas e empresários da região.
Algumas vezes, a iniciativa dá certo. O aluguel do avião serve para contribuir no pagamento dos nove funcionários que depois da intervenção ficam em casa esperando um telefonema do BC.
Mesmo sem operar, o hangar da Araucária Aerotáxi Ltda. é aberto todos os dias por um funcionário. Os aviões são movimentados para não ficar muito tempo parado.
O inspetor do BC Marco Belém já recebeu cartas de várias empresas estrangeiras interessadas em comprar os aviões, que deverão ser leiloados.
Os funcionários, que recebem seus salários normalmente desde que o Bamerindus sofreu intervenção, em 26 de março deste ano, não têm esperanças de serem contratados pelos novos donos das aeronaves.

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