São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Língua solta

MARIANE COMPARATO

Aprender idiomas durante a infância dá maior fluência
Nada mais frustrante para um adulto que passar anos estudando uma língua estrangeira e não passar do básico. Com muita dedicação, e dependendo da língua, ele até pode alcançar um bom nível de fluência, mas nunca estará perfeito.
Mas, se desde a infância a pessoa conviver com outras que falam idiomas diferentes, mais facilidade vai ter para aprender e falar várias línguas. E, quanto mais cedo, melhor. Esse é o resultado de uma pesquisa feita pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York.
Quem aprende uma segunda língua quando adulto constrói novas áreas no cérebro para armazenar as informações. Mas, segundo a médica Joy Hirsch, que liderou a pesquisa, "se você aprende dois ou mais idiomas quando criança, incorpora-os na mesma área do cérebro onde estão armazenadas as informações da primeira língua".
A pesquisa ainda foi mais longe. Ela dividiu os bilíngues em dois grupos: os "tardios", que se tornaram bilíngues entre 11 e 19 anos de idade, e os "precoces", que adquiriram fluência na infância.
Enquanto os voluntários "falavam" silenciosamente suas duas línguas alternadamente, Joy usou imagens de ressonância magnética funcional para medir a atividade do cérebro na área de Broca (na região frontal do córtex).
Nos bilíngues precoces, as duas línguas acionam a mesma parte na área de Broca. Mas, nos bilíngues tardios, duas regiões distintas, separadas por apenas oito milímetros, foram ativadas.
O neurologista Aron J. Diamant, chefe do serviço de neurologia infantil do Hospital das Clínicas, diz que ainda é cedo para saber se o estudo se comprova. "A utilização do cérebro para o exercício intelectual ainda é uma incógnita, há todo um problema neurofisiológico incluído", afirmou.

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