São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trégua dura uma semana, afirma o MST

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO; EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MIRANTE DO PARANAPANEMA (SP)

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) decidiu ontem dar trégua de uma semana ao governo antes de iniciar novas invasões no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de SP).
"Não é mais o MST que define. É o governo. Se não quiser ocupação, ele fará desapropriação esta semana. Do contrário, estará nos mandando ocupar", disse o líder Gilmar Mauro, após reunião com José Rainha Jr. no assentamento São Bento, em Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de SP).
"A palavra está com o governo", disse Rainha, repetindo o que disse ao ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) na semana passada. O MST fixou até o próximo domingo novo prazo para o governo começar a desapropriar terras consideradas improdutivas no Pontal. A trégua inclui as ações em bancos, segundo Mauro.
Vistorias feitas pelo Incra em 185 fazendas com mais de 500 hectares apontaram 91.261 hectares de terras improdutivas.
"Se até domingo não houver um ato concreto, vamos retomar as ocupações", disse. Segundo Mauro, é possível mobilizar, de um dia para o outro, pelo menos 6.000 das 14 mil famílias cadastradas.
Poderão ser invadidas as fazendas São Domingos, em Sandovalina, Santa Irene e Santa Rita, em Mirante do Paranapanema, principais focos de resistência da UDR (União Democrática Ruralista).
"O governo aprendeu uma lição com o MST. Nós não blefamos", disse Mauro. O dirigente nega que a nova trégua tenha relação com o pedido para transferir o julgamento de Rainha de Pedro Canário (ES). A Justiça julga o pedido na quarta-feira. O MST teme que uma ação violenta interfira na decisão.
Vídeo
O MST lança hoje à noite, na Assembléia Legislativa de São Paulo, o vídeo "A Farsa do Julgamento", produzido por Juarez Soares. O vídeo, de 20 minutos, mostra imagens do julgamento que condenou Rainha a 26 anos e seis meses de prisão por duplo homicídio.
Cem cópias da fita serão distribuídas para entidades, especialmente de direitos humanos.
Rainha diz que, se for condenado, "o país vai mudar de rumo". "Se houver condenação, o MST vai reagir. A condenação não interessa a ninguém, nem ao presidente da República."
(JEC e EZ)

Texto Anterior: Líder aprendeu oratória na igreja
Próximo Texto: MLST quer área 'socialmente injusta'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.