São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Travestis do Rio ganham carteirinha

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A partir de setembro, cerca de 2.000 travestis cariocas vão andar com uma novidade na bolsa: uma carteirinha com dados pessoais, nome profissional, dicas de segurança e de prevenção à Aids.
A carteirinha é parte de um projeto de implantação de um "quartel-general" dos travestis no centro do Rio, comandado pela Astral (Associação de Travestis e Liberados).
Em um prédio de cinco andares doado pelo governo estadual, a entidade vai abrir a Casa Viva, um centro de convivência com assistência social, psicológica e jurídica e um cinema de 60 lugares.
Uma verba de R$ 38 mil foi repassada pela Coordenação Nacional de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e Aids do Ministério da Saúde para compra de material e equipamentos. O projeto tem previsão de conclusão em 12 meses.
A Casa Viva vai oferecer também oficinas de sexo seguro e debates sobre Aids e doenças sexualmente transmissíveis. A coordenação de DST e Aids já havia apoiado campanhas e eventos promovidos pela Astral, mas a Casa Viva foi o primeiro projeto a receber financiamento por período mais longo.
A presidente da Astral, Jovana Baby, diz que a inauguração está prevista para o início do ano que vem. Ela quer incluir na Casa Viva um espaço de abrigo para travestis que não têm para onde ir.
No prédio, que está em reforma, funciona hoje a sede da Astral. Uma sala foi cedida à Água Viva, uma associação de apoio a portadores do HIV que também atende travestis.
As duas entidades mantêm um comitê gay contra a fome, que distribui preservativos enviados pelo Ministério da Saúde em troca de alimentos não perecíveis.
Segundo a presidente da Astral, no início dos anos 90, pelo menos 75% dos travestis da cidade estavam contaminados pelo vírus da Aids. O último levantamento feito pela Astral indicou um percentual de 11% de soropositivos.
A prevenção à Aids é um dos temas da "carteira de saúde e ação social", como é chamado o documento de identificação dos travestis. O documento explica como se pega a doença e dá endereços de lugares onde se pode fazer o teste de HIV.

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