São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997 |
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Congresso analisa política de saúde
AURELIANO BIANCARELLI
A chamada "política de focalização" concentra as atenções e o financiamento nos segmentos mais pobres. Aqueles que não se enquadram em um patamar teórico de pobreza teriam de arcar com suas próprias necessidades em áreas como educação e saúde. Os riscos desse modelo vêm sendo lembrados pela Abrasco, Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, entidade que representa correntes mais engajadas na defesa da saúde pública. A "focalização" será um dos assuntos do 5º Congresso Brasileiro e Paulista de Saúde Pública que acontece nesta semana, em Águas de Lindóia. O tema trata da "saúde como responsabilidade do Estado contemporâneo". Para Rita Barradas Barata, presidente da Abrasco e do 5º congresso brasileiro, a "focalização" carrega uma série de vários riscos. Um deles é definir os procedimentos prioritários. Casos de câncer, doenças crônicas ou decorrentes do envelhecimento, por exemplo, podem não estar contemplados nas prioridades, embora a população esteja envelhecendo. Outra dificuldade ainda é estabelecer o limiar da pobreza. A classe média baixa, que estaria fora desse foco, não terá como arcar com gastos em saúde e educação. Por outro lado, afirma Rita, corre-se o risco de os recursos destinados aos mais pobres não chegarem até eles, porque estão fora do alcance dos serviços de saúde. Além disso, a política de "opção pelos pobres" pode camuflar uma forma de o Estado abrir mão de suas responsabilidades. Essa política, conforme Rita, já estaria presente no plano de metas do Ministério da Saúde apresentado este ano. Uma das correntes quer que procedimentos mais complexos e menos prioritários fiquem com o Estado, não mais com a União. Texto Anterior: Vereador quer carteira no Piauí Próximo Texto: 'Cidade doente' eleva exclusão Índice |
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