São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Frango tucano

JUCA KFOURI

O que têm em comum deputados como Benedito de Lira (PFL-AL), Sarney Filho (PFL-MA), Eurico Miranda (PPB-RJ), Alberto Goldman (PMDB-SP), Aloysio Nunes Ferreira (PMDB-SP), Arnaldo Madeira (PSDB-SP), Celso Russomano (PSDB-SP), Delfim Netto (PPB-SP), José Aníbal (PSDB-SP), Marquinho Chedid (PSD-SP), Robson Tuma (PSL-SP) e, pasme, Franco Montoro (PSDB-SP)?
Pois todos votaram contra o regime de urgência para a CPI do futebol.
Lira, que relatou a favor da absolvição de Chedid na CPI do Bingo; Sarney Filho, que confraternizou numa das chopperias do presidente da CBF dois dias antes da votação; Miranda, que dispensa comentários, e o próprio Chedid não surpreendem.
Mas o que dizer dos outros?
Russomano, o "defensor dos consumidores"; Delfim Netto, o "defensor da modernização do futebol"; Tuma, o "o defensor da moralidade"; Goldman, Ferreira, Madeira, "a esquerda moderna", e sobretudo, Franco Montoro, esses merecem uma análise.
As aspas acima já dizem muito, porém, o voto de Montoro, de vida exemplar, revela até que ponto Pelé não tem sabido articular seus apoios. Aliás, a bancada tucana só deu 24 votos a favor da CPI.
Nada menos que 53 deputados seguiram a orientação do líder Aécio Neves pela retirada da pauta do requerimento de urgência da CPI. Ou seja, os tucanos em peso ficaram contra uma iniciativa que tinha a simpatia demonstrada publicamente pelo ministro dos Esportes de FHC e, para variar, só os petistas, pedetistas e comunistas o apoiaram.
De duas uma: ou o ministro está pregando no deserto e aí será melhor voltar para casa e cuidar de seus interesses que têm sido tão prejudicados pelo exercício da vida pública, ou, definitivamente, precisa melhorar seus canais com a Câmara, sem o que seu projeto virará suco de pizza.
Porque se a política tem suas razões que com frequência unem os opostos, nada justifica -nem mesmo o argumento de que os deputados têm assuntos mais relevantes para tratar, dado o clamor popular causado pelo escândalo da CBF- a aplastante derrota da semana passada.
Quanto ao frango engolido pelos tucanos, caberá à torcida julgar nas urnas se é ou não digerível.
*
Em tempo e apenas como registro: faço minhas as palavras de Luís Nassif em torno do caso Galdino.

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