São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Revolução do interior! Garota declara preconceito de quem não é da capital (na seção 'Sim, Não'), e veja no que deu!

Mascando grama
"Segundo a 'jovem culta e esperta' Juliana Nepomuceno (Folhateen de 18/8), nós, pessoas do interior, somos verdadeiros tapados. Ela diz que somos menos espertos e que nossa vida é devagar, que não temos cultura... Interessante isso, não é?
Moro onde se encontra a melhor faculdade de agronomia do Brasil (Esalq), na cidade vizinha há a Unesp-Rio Claro, e um pouquinho mais distante temos a Unicamp. Mas, mesmo assim, para a juventude 'maluca e esperta' da Grande São Paulo, somos apenas caipiras que moram em sítios e ficam mascando grama durante as pausas dos serviços rurais.
As pessoas deveriam saber mais antes de falar e não ficar apenas presas aos conceitos de outras pessoas."
Filipe Camargo (Piracicaba, SP)

Preconceito de sotaque?!
"Faça-me o favor, dona Juliana! Estudei durante dois anos na sua 'cidade grande' e, sinceramente, a única diferença que senti foi, logicamente, o tamanho da cidade e a falta da comida de minha mãe. Tudo bem que aqui não temos o 7 Eleven e shoppings gigantescos, mas preconceito de sotaque? Preconceito não devemos ter nem de pessoas doentes, quanto mais de pessoas trabalhadoras que puxam mais o 'r' na hora de falar. Pense nisso quando seu pai ou sua mãe for te levar para a escola."
André de Oliveira (Araraquara, SP)

Os dias rendem mais
"Nós conhecemos o que é viver: poder ir à casa dos amigos a hora que quiser (no máximo uns dez minutos de carro), ter tempo de ir à escola, clube, para fazer esporte, estudar, namorar, sair e tudo isso num só dia. Sou de Presidente Prudente (SP) e moro em São Paulo, pois estou cursando a Getúlio Vargas."
Ennio Botelho Perrone Neto, 19 (São Paulo, SP)

Macacos me mordam!
"Fiquei indignado com as respostas obtidas neste caderno ('Você trata de forma diferentes pessoas que são do interior?'). Só senti tal sensação de repúdio quando eu, um simples interiorano que reside na capital, em uma viagem para o exterior, fui perguntado por um americano se havia cobras e macacos nas cidades brasileiras."
Fabrício P. Andrade, 19 (via fax)

Resposta tosca
"Cara Juliana: você, que é uma menina muito esperta, muito culta e, com certeza, já tem muita experiência de vida, deveria se preocupar em estudar mais e não ficar respondendo de uma maneira tosca às perguntas do Folhateen."
Daniel S. Souza (via fax, São Paulo, SP)

Como é que é?
"Fique ela sabendo que nós, do interior, somos diferentes porque não vivemos sob tensão. E aposto que o povo do interior tira a calcinha dela sem ela perceber de tão espertos que somos. Não tô innntennnnnndenndo."
José Benedito Antunes da Silva, 15 (Ouro Fino, MG)

A vaca e o saquinho
"E saber que acham que o leite vem do saquinho e nem sabem diferenciar o boi da vaca." Tiago Sparapani, 17 (São José do Rio Preto, SP) Falta vivência! "É o seu 'mundo' que é mais devagar, você que é diferente e não tem nenhuma vivência para falar de uma coisa que não conhece."
Rafael Padovani de T. Moraes (Tietê, SP)

Acorda para a vida!
"Moramos no Interior desde que nascemos e não conhecemos ninguém do jeito que ela descreveu. Acorda para a vida, Juliana. Essas suas idéias nem parecem coisa de gente de 18 anos! Realmente, somos totalmente diferentes!"
Leandra Ginezzim, 22, e Luciana de Moraes, 22 (Santo Antonio do Jardim, SP)

São Paulo do Brasil
"Eu, com meus 18 anos recém-completados, cursando o primeiro ano de tradução na Unesp de São José do Rio Preto, acho que tenho muito mais vivência e sou muito mais esperta do que ela, que se diz muito ágil.
Eu, como muitas outras pessoas do interior, sei que vivo em um país diversificado, rico, de uma cultura muito vasta e bonita, daí os inúmeros sotaques existentes. Se a cidade de São Paulo é o que é hoje, deve isso ao pessoal que ela julga devagar, aos interioranos, os nordestinos, os mineiros. Foram eles quem construíram São Paulo."
Karine Marielly Rocha da Cunha (São José do Rio Preto, SP)

"Eu me mataria"
"Não existe 'falta de cultura', mas, sim, diferenças entre elas. E, se essas pessoas são 'diferentes em tudo', bem, eu poderia argumentar que é justamente esse ecletismo que faz da sociedade e do mundo o que são. Imagine um mundo onde todos são iguais e têm as mesmas opiniões. Eu, provavelmente, me mataria."
Danilo Narciso (Campinas, SP)

Interior dá liberdade
"Gostaria de lhe perguntar se ser menos esperto é ter autonomia para ir e vir a qualquer lugar na hora em que bem entender ou é depender dos pais para fazer tudo (ir a shoppings, bares...); se ser menos esperto é poder respirar um ar mais puro numa cidade sem trânsito ou enfrentar a poluição e o trânsito louco; se ter vivência é passar por exeperiência dentro de uma comunidade inteira ou viver nos condomínios fechados. Ficamos perdidos quando vamos à cidade grande. Mas será que ela não ficaria se saísse da barra da saia da mãe e passasse a fazer as coisas sozinha? Somos diferentes, mas isso não significa que somos piores ou melhores. Apenas somos o que somos."
Antonio Soares e Abrão, 17 (Uberaba, MG, via e-mail)

Muito "out"
"Saiba que qualquer espécie de preconceito, além de ser crime, está totalmente fora de moda."
Denise dos Santos, 22 (São Carlos, SP)

Exemplo elementar
"Na minha sala de faculdade, somos em 20 alunos. Desses, só 7 são da capital. Claro que essa estatística é quase tão imbecil quanto a declaração dela, mas é o exemplo menos complexo que encontro e acho que nossa amiga consegue entender."
Thays Barca, 20 (São Paulo, SP, via fax)

Queremos respeito
"A distância geográfica é a única coisa que nos separa. Tratamos os paulistanos que vêm ao interior como iguais e esperávamos o mesmo respeito."
Aline, Carolina, Camilla, Viviane, Ana Carolina, Heloísa, Camila, Fernanda, Deigilam, Luiz Fernando (Andradina, SP, via e-mail)

Folhateen: al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01202-900.

E-mail: Folhateen@uol.com.br.

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