São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Obra resgata modernidade de Bratke

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

Ontem, Oswaldo Bratke completaria 90 anos. Amanhã, a obra de um dos mais importantes arquitetos modernistas brasileiros começa a sair do limbo em que adormeceu por cerca de 20 anos.
O livro-catálogo "Oswaldo Arthur Bratke" será lançado no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, paralelamente a uma exposição de 20 desenhos inéditos e dez painéis fotográficos.
A publicação funciona como uma espécie testamento, já que Bratke acompanhou todo o processo de pesquisa e compilação dos trabalhos, mas não viveu para ver o catálogo impresso.
A intenção dos autores -os também arquitetos Hugo Segawa e Guilherme Mazza Dourado- era aproveitar o evento de amanhã, no Museu da Casa Brasileira, para comemorar os 90 anos de Oswaldo Bratke, nascido em 24 de agosto de 1907. O arquiteto morreu no dia 6 do mês passado, vítima de câncer.
"Oswaldo Arthur Bratke" mostra como o arquiteto revolucionou a maneira de se morar no Brasil, negando sistematicamente a chamada tradição eclética do passado, mistura de estilos artificial e inadequada para as necessidades do brasileiro.
Para tanto reproduz mais de 400 residências e projetos -como o viaduto Boa Vista (art déco, de 1932, que liga a rua Boa Vista ao Pátio do Colégio, no centro de São Paulo). Mais: a urbanização do Morumbi e a casa de Oscar Americano, no mesmo bairro paulistano.
Capítulo à parte, "Sonho de Um Urbanista Lírico" conta a aventura de Bratke ao projetar duas cidades no interior da Amazônia. O surgimento de Vila Serra do Navio e Vila Amazonas na segunda metade dos anos 50, no então Território Federal do Amapá, é contemporâneo ao da capital Brasília.
Apesar de ter trabalhado exaustivamente entre os anos 30 e 70, produzindo cerca de 1.300 projetos, Oswaldo Bratke é hoje desconhecido das novas gerações.
Bratke forma, ao lado de Flávio de Carvalho (1899-1973), Gregori Warchavchik (1896-1972), Rino Levi (1901-1965) e Vilanova Artigas (1915-1985), a linha de frente do modernismo na arquitetura brasileira.
Entre outras inovações, sua arquitetura visionária descompartimentou as residências (deixando menos evidente a separação entre área social e de serviço), apresentou aos brasileiros a noção de horizonte (paredes de vidro revelaram que as casas podiam ter um entorno agradável) e deslocou as garagens dos fundos para a frente (antecipando a importância que o automóvel viria a conquistar).

Livro: Oswaldo Arthur Bratke
Lançamento: Pró Editores
Autores: Hugo Segawa e Guilherme Mazza Dourado
Quanto: R$ 50 (324 págs.)
Quando: amanhã, às 19h30 (palestra com Hugo Segawa)
Onde: Museu da Casa Brasileira (av. Brig. Faria Lima, 2.507), tel. 011/210-2564

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