São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Papa reúne mais de 1 milhão em Paris

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O hipódromo de Longchamp, em Paris, foi pequeno para acomodar o público de mais de 1 milhão de pessoas que acompanhou a missa celebrada ontem pelo papa João Paulo 2º.
Dentro da área do hipódromo, havia 900 mil pessoas. Cerca de 150 mil pessoas, segundo a polícia, acompanharam a cerimônia fora da área da pista, inicialmente reservada ao público.
A cerimônia marcou o encerramento das Jornadas Mundiais da Juventude, evento que reuniu cerca de 500 mil jovens em Paris durante seis dias.
Os organizadores das Jornadas instalaram, de última hora, alto-falantes para que todos pudessem acompanhar a cerimônia.
A missa foi aberta ao público. Ela aconteceu pela manhã, depois de uma vigília iniciada na noite de anteontem, quando dez jovens de cinco continentes foram batizados pelo papa João Paulo 2º.
Massacre de protestantes
Durante a cerimônia, o papa criticou o massacre de São Bartolomeu, quando católicos franceses assassinaram milhares de protestantes por causa de disputas políticas e religiosas.
A missa de ontem coincidiu com o aniversário do massacre, que ocorreu em 24 de agosto de 1572.
"Não podemos esquecer o massacre de São Bartolomeu, evento obscuro na história política e religiosa da França. Os cristãos fizeram coisas condenadas pelas escrituras", disse o papa.
Por ter concentrado uma multidão de jovens, a vigília foi comparada ao festival de rock de Woodstock, realizado nos EUA no final dos anos 60.
A comparação não agradou a alguns participantes, que, apesar do clima festivo, enfatizaram o lado espiritual do evento. "A gente dança e canta, mas não se esquece do motivo principal por que estamos aqui, reavivar a fé", afirmou a americana Sandra Thomas, 23.
Durante a missa de ontem, o papa demonstrou estar cansado e tossiu algumas vezes, interrompendo as pregações.
Ele insistiu na idéia central que orientou sua participação nas Jornadas, a difusão da fé católica pelos jovens. "As Jornadas não terminam aqui. Saiam pelas estradas do mundo, as estradas da humanidade, mas permaneçam unidos pela igreja de Cristo."
O papa anunciou a próxima jornada de jovens católicos para Roma, no ano 2000.
Antes de retornar ao Vaticano, o papa se encontrou com o primeiro-ministro Lionel Jospin. O premiê francês havia "lamentado", em nota oficial do Partido Socialista, a visita do papa ao túmulo do geneticista Jérôme Lejeune, morto em 94. Lejeune foi uma figura da linha de frente da luta contra o aborto na França.
O próximo compromisso oficial do papa será uma visita ao Brasil no início de outubro para participar de um encontro internacional de famílias.

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