São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Polícia Civil descobre plano para sequestrar juízes em Minas

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Civil de Minas Gerais desvendou no início do mês um plano armado por traficantes de drogas, que pretendiam sequestrar quatro juízes, um promotor e um escrivão da Corregedoria da Polícia Civil.
Os sequestradores exigiriam a liberação de traficantes presos em troca da libertação dos sequestrados, tidos como muito "duros" nas punições aplicadas aos acusados por tráfico de drogas e aos policiais corruptos.
O plano, que deveria ser executado no último dia 13, foi denunciado por um preso da Delegacia de Furtos e Roubos, em Belo Horizonte.
Segundo esse preso, cuja identidade está sendo preservada, haveria uma fuga em massa da delegacia para que a polícia fosse mobilizada. Enquanto isso, os sequestros aconteceriam. As grades de oito celas já estavam cerradas, segundo constatou a polícia.
O delegado Vicente Lacerda levou o problema para o secretário da Segurança Pública, Santos Moreira, que determinou que os ameaçados recebessem proteção.
A polícia suspeita que o traficante Fernando Beira-Mar, que fugiu da Deoesp (Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil) em março deste ano, seja o mentor do plano frustrado.
Beira-Mar é considerado pela Polícia Federal como sendo um "braço" do tráfico de drogas do Rio, mais ligado ao Comando Vermelho, que tenta se articular em Minas. Ele foi transferido para o Deoesp por falta de uma cela segura na superintendência da PF.
Sua fuga ainda não foi esclarecida. O promotor Gilvan Alves Franco, um dos ameaçados pelos traficantes, disse que Beira-Mar fugiu porque teve sua saída facilitada "também pela polícia".
O secretário Santos Moreira contestou a acusação do promotor, afirmando que foi a Polícia Civil que apurou a tentativa de sequestros, dando garantia de vida aos eventuais sequestrados, e que não têm sentido essas denúncias.
No último sábado, em Betim (MG), a PF (Polícia Federal) prendeu quatro pessoas em um sítio, onde também foram apreendidas armas -incluindo uma escopeta e duas metralhadoras-, 5 kg de cocaína e 6 kg de pedras de crack. O local era utilizado para o refino de drogas, segundo a polícia.
O Serviço de Informações da PF informou que as pessoas presas são ligadas ao traficante Roney Peixoto Souza, também foragido da polícia mineira e possivelmente do mesmo grupo de Beira-Mar.
Segundo a PF, Souza nega ligações com Beira-Mar, mas, "até prova em contrário", eles são os dois principais suspeitos de estarem tentando organizar e comandar o tráfico em Minas Gerais, principalmente na capital mineira.

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