São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Estudante de 12 anos é assassinado em SP

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Jeferson Luis Barbosa dos Santos, 12, foi morto com um tiro nas nádegas quando brincava com quatro primos na rua Itaipé, Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo).
O crime aconteceu por volta das 19h30 de anteontem. Ontem de manhã, o ajudante-geral Miraldo Pires de Araújo, 33, foi preso e confessou ter dado o tiro que matou Jeferson.
Segundo depoimento dos primos de Jeferson, as cinco crianças estavam brincando de jogar pedras no portão de um ferro-velho. Uma das pedras acertou o telhado de uma oficina vizinha ao local.
Araújo, que dormia em um quarto nos fundos da oficina, foi acordado pelo barulho da pedrada no telhado.
"Acordei com o barulho, tomei um café, fumei um cigarro, peguei meu revólver em cima do armário, abri o portão e atirei na direção das crianças", declarou Araújo. "Eu queria atirar para o chão, só para assustar os meninos. Não tinha intenção de matar."
A estudante Daniela Maria de Jesus, 11, prima de Jeferson, falou que assim que o ajudante abriu o portão, as crianças começaram a correr. O único tiro disparado pelo ajudante-geral acertou as nádegas de Jeferson.
Ele foi levado pelos pais ao Hospital Presidente, onde morreu duas horas depois, após passar por cirurgia. Segundo os médicos que o atenderam, a bala atingiu a veia femural do estudante, provocando hemorragia.
Poucas horas após o crime, Araújo foi levado ao 20º DP (Água Fria) como testemunha do crime, mas afirmou à polícia que não havia nem mesmo ouvido o tiro.
Mas, como o delegado Francisco Rodrigues Alves Filho desconfiou de Araújo, pediu para ele ser submetido a um exame residuográfico (para verificar se havia pólvora em suas mãos).
Ontem de manhã, policiais voltaram à rua do crime e descobriram que a casa de Araújo era a único ocupada durante a noite.
A polícia, então, interrogou a mulher de Araújo, que afirmou que seu marido havia cometido o crime. Ele foi preso por volta das 9h de ontem, no depósito de materiais de construção onde trabalha, próximo ao Horto Florestal (também na zona norte de São Paulo).

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