São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Vamos fundir o Brasileiro com o Espanhol

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a confusão no futebol brasileiro chegou a tal ponto que, na semana passada, o melhor do futebol pátrio estava jogando na Espanha.
Quando não era a camisa de alguns dos mais importantes times brasileiros jogando por lá, eram os maiores jogadores brasileiros vestindo a camisa dos times espanhóis.
Um pequeno detalhe: a série de torneios relâmpagos disputados por lá faz parte da chamada pré-temporada espanhola, são torneios para o aquecimento das equipes que entram nesta semana no cada vez mais competitivo campeonato da Liga Espanhola.
Já os times brasileiros que foram para lá o fizeram abandonando o, teoricamente, principal torneio nacional -criando uma confusão danada na tabela, reforçando o desinteresse do desrespeitado consumidor de futebol.
(No final, para cumprir a tabela daqui, voltaremos àquele esquema enlouquecedor de termos jogos às segundas, terças, quartas, quintas, sextas, sábados e domingos).
Olhando os times brasileiros jogando pela Espanha e olhando aquele montão de jogadores brasileiros atuando por lá, eu me pergunto: não seria melhor fundir os campeonatos nacionais do dois países de uma vez por todas?
Nós entramos com os jogadores, eles entram com o dinheiro e a organização.
Assim, brasileiros e espanhóis teriam o melhor campeonato de todos os tempos.
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Quanto mais eu vejo os estrangeiros jogando na Espanha, mais eu admiro o futebol universal desse garoto espanhol Raul, do Real Madrid.
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Infelizmente, tenho acompanhado irregularmente o time do Inter, mas, pelo que vi, deu para detectar uma jogada mortal: a subida do lateral-direito Enciso, que arremessa para a área com força e precisão (não consegui conferir se foi dele o cruzamento para o primeiro gol do Christian, no domingo, mas se não foi ele, foi alguém que adotou a sua técnica nesse fundamento).
Outro jogador que anda se destacando no Inter é o meio-campista Fernando, uma espécie de Caçapava mais esguio e mais técnico. Uma pena que tenha sido expulso no jogo contra o Grêmio.
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Será que o Santos agora vai? Tá na hora, némesmo?
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Vejo na revista "New Yorker" que o futebol americano começa a entrar em crise, apesar de ainda manter os recordes de audiência na televisão.
Seu público está envelhecendo, e os mais jovens ou vão para a NBA ou vão para o "soccer", o nosso futebol.
O artigo cita uma teoria de Paul Gardner afirmando que o predomínio do beisebol correspondeu a uma América ruralizada, o predomínio do futebol americano correspondeu à divisão do trabalho industrial, e ele imagina que o basquete corresponde ao momento atual, onde a criatividade e o poder de iniciativa pessoal ditam as regras no mercado.
O mais curioso é o fato de a supermachista NFL, na estratégia de rejuvenescer seu espírito, ter botado como principal executiva uma mulher, Sara Levinson, roubada da MTV.

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