São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997![]() |
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Suécia fez 60 mil esterilizações obrigatórias
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O governo social-democrata da Suécia manteve, durante 41 anos, um programa secreto de esterilização compulsória que atingia pessoas doentes, pobres ou etnicamente "impuras".A revelação foi feita pelo jornal sueco "Dagens Nyheter", de Estocolmo. O fato de as esterilizações terem ocorrido já era conhecido desde os anos 70, mas o relato do jornal -com o número passando dos antes estimados 13 mil para 60 mil, homens e mulheres- deu início a uma discussão sobre o pagamento de indenizações. Segundo Maciej Zaremba, o jornalista responsável pela reportagem, o governo tinha razões econômicas para fazer as esterilizações: os governantes de então achavam que uma raça sueca "pura" geraria pessoas mais saudáveis, e pessoas mais saudáveis provocariam menos gastos com seguridade social. A lei que permitia as esterilizações foi aprovada em 1935, sem debate prévio, a partir de um relatório de um instituto de biologia social da Universidade de Uppsala (leste do país). Só em 1976 ela foi substituída por outra, que permitia a esterilização voluntária. A lei, que sofreu modificações em 1941, dizia que os médicos deviam esterilizar as pessoas por razões de "higiene social". A lei vigorou na época em que o Partido Social Democrático punha em marcha um sistema de segurança social que se tornou modelo em todo o mundo. Com a divulgação dos novos números sobre esterilização, o opositor Partido Democrata Cristão pediu a abertura de uma investigação sobre o assunto no Parlamento. Segundo a imprensa sueca, Noruega e Dinamarca também mantinham programas de esterilização semelhantes, mas em menor escala, naquela época. Os dois governos não comentaram o assunto. Desculpa oficial O governo sueco fez um pedido de desculpas: "O silêncio que rodeou a lei se explica por seu aspecto vergonhoso", disse a ministra de Assuntos Sociais, Margot Wallstroem. O governo anunciou que está disposto a pagar indenizações, mas disse que antes precisa ter dados exatos sobre as pessoas que foram esterilizadas. Segundo o "Dagens Nyheter" ("notícias do dia", em sueco), a maioria das esterilizações acontecia em escolas, após alunos considerados problemáticos serem examinados por médicos e educadores. Uma das sobreviventes daquela época, Maria Nordin, 72, disse que foi esterilizada em 1943, quando tinha 17 anos, após ser confundida com uma doente mental. Segundo a agência "France Presse", Nordin era míope e, como não tinha óculos, não conseguia acompanhar o rendimento escolar de seus colegas. Ela foi então transferida para uma escola para doentes mentais, de onde só saiu após ser obrigada a concordar com sua esterilização. Em 1996, ela pediu compensações ao governo, mas não conseguiu nenhum resultado. Texto Anterior: Cuba leva à ONU acusação contra os EUA por guerra biológica Próximo Texto: Mir perde fonte de oxigênio, diz Nasa Índice |
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