São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 1997
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Segurança leva 3 tiros em confronto no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Um segurança ficou ferido ontem após tentativa de 180 famílias de trabalhadores rurais sem terra, ligadas ao MST, de invadir a fazenda Santo Antônio, em Teixeira Soares (sul do Paraná).
O segurança Waldecir Antônio da Silva, 26, foi atingido por três tiros na perna, às 7h de ontem, após funcionários da fazenda, de 1.300 hectares, reagirem à invasão.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nega que os sem-terra tenham atirado.
Silva foi hospitalizado no Pronto-Socorro Municipal de Ponta Grossa e liberado ontem à tarde.
Logo após o confronto, um destacamento de 80 homens da PM do Paraná chegou ao local. Até as 18h de ontem, a PM não havia permitido que os sem-terra montassem barracas na área.
A proprietária da fazenda, Maria da Luz Araújo Viana, conseguiu na Justiça interdito proibitório contra a invasão.
Silvania Godoy, do MST em Ponta Grossa, disse que o segurança não foi ferido por sem-terra, "mas sim forjaram um ferimento para incriminar o movimento".
O comandante da operação da PM na fazenda, capitão João Jorge, afirmou que não revistou os sem-terra para descobrir armas, "mas o tiro partiu deles, pois nenhum funcionário da fazenda iria se ferir para simular uma ação".
Jorge, do 1º Batalhão da PM de Ponta Grossa, disse, por telefone celular à Agência Folha, que o clima era de tranquilidade no local.
Ele disse ter uma determinação do Comando Geral da PM do Paraná para não permitir que os sem-terra ficassem na área.
No início da tarde, a PM impediu que outro grupo, com mais 30 famílias, se unisse às 180 famílias na fazenda Santo Antônio. A PM mantinha as estradas de acesso à área bloqueadas.
No final da tarde, era esperada na fazenda uma comissão composta por representantes do MST, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do governo do Paraná e o do Judiciário para solucionar o impasse.
O deputado federal Padre Roque (PT-PR), que estava na fazenda, disse que 180 famílias de sem-terra estavam sem alimentação até as 17h de ontem, "pois a PM não permitiu que os caminhões fossem descarregados".
Padre Roque disse que "15 pistoleiros, fortemente armados" estavam a cem metros do local onde estavam os sem-terra e a PM. "Eu já pedi que a PM os desarme", afirmou. O capitão João Jorge negou a presença de seguranças armados.
Em Primeiro de Maio (norte do Paraná), 24 famílias invadiram ontem a fazenda Santa Terezinha.

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