São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 1997
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Pesticida é encontrado em loteamento

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A água e o leite consumidos pelos moradores do loteamento clandestino Jardim Keralux, em Ermelino Matarazzo (zona leste de São Paulo), estão contaminados pelo pesticida BHC, cuja venda e fabricação estão proibidas, devido ao alto grau tóxico do produto. No local vivem cem famílias.
A informação constará de um laudo do Instituto Adolfo Lutz, que será divulgado hoje, encomendado pelo Departamento de Controle da Qualidade Ambiental, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Segundo a geóloga Patrícia Marra Fepe, diretora do departamento, ainda não se sabe a quantia de BHC nas amostras analisadas.
Apesar de não haver registros de moradores contaminados, a secretaria da Saúde recolheu amostras de sangue de seis moradores que estiveram mais próximos da área contaminada. Os resultados devem sair nos próximos dias.
O BHC está disperso numa área de 6 m x 32 m e foi descoberto há quatro meses quando o aposentado Geraldo da Rocha, que está construindo uma casa no local, cavava uma vala de esgoto.
Antes de a vala ser aberta, a área servia de bebedouro de vacas criadas por um morador do local. Parte do leite consumido vem da criação deste morador.
As ligações de água do loteamento são clandestinas. "Como os encanamentos apresentam furos, estamos preocupados com a qualidade da água", disse o vereador Adriano Diogo (PT), que denuncia o caso há quatro meses.
Segundo Patrícia, a secretaria informou à Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) sobre o caso em abril.
Somente na última sexta-feira, uma reunião entre a Defesa Civil, Cetesb, secretaria do Verde e do Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros definiu um plano de ação emergencial.
A área contaminada foi isolada segunda-feira, e a Cetesb colheu mais amostras do solo para tentar determinar o volume de BHC no terreno e o grau de contaminação.
"Só depois que tivermos esses dados é que poderemos definir qual o procedimento para isolar o produto", disse Marco Antonio Gunther, da Cetesb.
O BHC poderá ser incinerado ou colocado em caixas de concreto depositadas em terreno específico.
Adriano Diogo, que preside a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de São Paulo, pediu abertura de inquérito ao Ministério Público para que seja descoberto quem jogou o BHC no terreno do loteamento.

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