São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 1997
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Made in USA

THALES DE MENEZES

Os norte-americanos gostam de ser sempre os melhores. Todo mundo gosta, mas nos EUA isso é mais do que um desafio, é uma filosofia de vida.
Qualquer garoto que pratique esportes, seja em qualquer cidadezinha perdida no mapa, é treinado para ser o maior atleta do mundo, alguém que vai conseguir mais medalhas do que Carl Lewis e Mark Spitz juntos.
Para os EUA, ser o segundo vale tanto quanto ser o último, principalmente nos esportes que eles consideram "deles". E eles se sentem donos do basquete, do beisebol, do futebol (aquele lá deles, não o "nosso"), do boxe, do golfe e do tênis.
Por tudo isso, não deve ser fácil para o torcedor local encarar o US Open. Está certo que Pete Sampras está aí para garantir uma taça, mas é pouco para um país que teve por muito tempo uma legião de astros.
Nem o fato de Michael Chang ser o segundo do ranking alivia as coisas. Basta acompanhar uma partida de Chang em seu solo pátrio para perceber que a xenofobia enraizada nas pessoas o impede de ser um ídolo "100% made in USA".
Para elas, ídolos de verdade eram Connors, McEnroe, Gerulaits... E esses nomes eram só a ponta do iceberg. O US Open já teve, em duas edições da década de 70, 11 norte-americanos entre os 16 cabeças-de-chave.
Agora o torcedor local vê a chave repleta de croatas, espanhóis (um monte deles!), russos etc. Tem até um brasileiro!
No feminino, a coisa está bem mais feia. Depois do fiasco de Jennifer Capriati, ninguém dá indícios de poder usurpar o primeiro lugar no ranking.
A grandalhona e simpática Lindsay Davenport não mostra técnica suficiente para se fixar entre as "top five". A veterana Mary Joe Fernandez já provou suas limitações. A menina de tranças Venus Williams ainda não provou nada além do seu potencial visual de marketing.
Realmente, o torcedor americano odeia a tal globalização.

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