São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 1997
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Fome leva Pequim a pressionar vizinho

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma comissão do Congresso norte-americano encerrou ontem visita de uma semana à Coréia do Norte e pediu mais liberdade às autoridades deste país em relação às equipes de ajuda internacional.
O grupo foi à Coréia avaliar o estágio da onda de fome. "A comida doada pelo Programa Mundial de Alimentação e por outros doadores está salvando vidas", disse em Pequim Mark Kirk, funcionário do Comitê de Relações Internacionais da Câmara.
Segundo a agência de notícias "France Presse", a China teria demonstrado aos norte-americanos que vai pressionar os norte-coreanos para que haja mudanças em sua política agrícola.
Nos últimos anos, a Coréia do Norte vem enfrentando sucessivos fracassos em suas colheitas, atribuídos pelo governo a causas naturais -mas causados também pela falência do seu modelo econômico comunista.
Segundo o relatório norte-americano, Guan Huabing, funcionário da chancelaria chinesa, teria recomendado aos norte-coreanos que permitam, por exemplo, liberdade aos agricultores para vender seus excedentes -o que constitui um tabu no ortodoxo comunismo norte-coreano.
A delegação norte-americana reclamou também das limitações que o governo impõe à circulação de estrangeiros que vão ao país na tentativa de resolver o problema.
O grupo solicitou, por exemplo, que agências humanitárias possam fazer visitas-surpresa para fiscalizar a distribuição justa dos alimentos doados. Pediu também que equipes de TV norte-americanas sejam autorizadas a documentar a onda de fome que castiga o país.
Kirk disse que, durante a visita, não notou sinais de que a ajuda ao país está sendo desviada, mas disse que é comum ver crianças sendo internadas devido a problemas causados pela desnutrição.
Ele mencionou também problemas nos hospitais, que, sem remédios, "são em muitos casos simplesmente lugares para morrer". Por isso, segundo o relatório, a ajuda humanitária norte-americana deveria passar a incluir também medicamentos.

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