São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Grupo trabalha a expressividade na dança

ANA FRANCISCO PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O grupo 1º Ato, que inaugura hoje o evento Movimentos Sesc de Dança, foi fundado em 1988 por Suely Machado e Kátia Rabello. Hoje, é uma companhia que se destaca em Belo Horizonte, onde está sediada.
"Desde o início, procuramos trabalhar a dança dentro de sua expressividade, deixando clara a dramaturgia do movimento", diz Suely, que iniciou seus estudos de dança na escola do Grupo Corpo.
Também formada em psicomotricidade, Suely logo começou a dar aulas, em busca de uma metodologia especial para crianças. "Queria desenvolver o potencial rítmico e expressivo, que permite desenvolver a individualidade."
Em 1982, Suely e Kátia inauguraram a escola de dança onde, seis anos mais tarde, surgiria a companhia 1º Ato, que desde 1990 é patrocinada pelo Banco Rural.
"É um apoio que permite manter o grupo, remunerar bailarinos e professores, mas que não cobre as despesas com produção de espetáculos", explica Suely.
Para formar seu repertório, Suely convida coreógrafos como Sonia Mota, brasileira que mora na Alemanha e que em 1993 criou para o 1º Ato a peça "Tigarigari".
"Sempre procurei trabalhar com coreógrafos que aceitassem a participação dos bailarinos nas pesquisas de movimento. Nem sempre senti muita abertura. Obtivemos bons resultados com Tuca Pinheiro, bailarino da companhia que coreografou 'Desiderium'."
Por sugestão de Roberto Malta, empresário da companhia, o 1º Ato convidou o diretor teatral Gerald Thomas para desenvolver o novo espetáculo, "A Breve Interrupção do Fim", que será apresentado hoje no Sesc Anchieta.
"Sempre apreciei as obras do Thomas, em que os atores falam com o corpo. Experimentar um processo comum de trabalho nos permitiu descobrir uma empatia, que fez com que tudo fluísse com tranquilidade."
Segundo Suely, a montagem foi "construída" em 45 dias. "Thomas trazia uma idéia, eu desenvolvia com os bailarinos e depois ele dava o tom cênico."
Situada num local indefinido, fora do planeta Terra (representada por uma esfera gigante que paira sobre o palco), o tema de "A Breve Interrupção do Fim" ironiza o poder masculino na história da humanidade, ridicularizado pelas mulheres.
"A idéia inicial era falar sobre a escassez de água potável no mundo. Mas o Thomas acabou optando por esse tema, que prevalece até o final do milênio, em que as mulheres continuam com papel secundário."
A favor das mulheres, o espetáculo procura estabelecer um túnel do tempo, onde personagens como Hitler, Cristo, Gandhi, Elvis Presley e Napoleão se encontram.
Para acentuar o lado ridículo e grotesco de seus papéis, ostentam figurinos que beiram o kitsch.
"Acredito que a convivência com Thomas trouxe maior dimensão à proposta do 1º Ato", acrescenta Suely, que não descarta o aprofundamento da parceria com o diretor.
(AFP)

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