São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997
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Filme custeado pelo Incra pode chegar às telas

"O Sonho de Rose" é de domínio público

DA REPORTAGEM LOCAL

O sonho da cineasta Tetê Moraes de ver seu filme "O Sonho de Rose" chegar às telas parece perto de se tornar realidade.
"O Sonho de Rose" foi feito em vídeo, com financiamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O Incra, responsável pela execução da política fundiária do governo, contratou a cineasta, mas não ficou satisfeito com o resultado, pois, ele "mostraria o sucesso das invasões". Resultado: vetou a exibição comercial de "O Sonho de Rose".
O problema é que o vídeo é um projeto da cineasta. Filmado no ano passado, ele mostra como estão os personagens do filme "Terra para Rose" (também de Tetê), rodado há uma década na fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul, local de uma das primeiras invasões.
Não é o único problema. Por contrato, o vídeo deveria ter cerca de 45 minutos, ficar pronto em quatro meses e consumir R$ 152 mil da verba pública.
Segundo Tetê, ele teve o dobro do custo, ficou com 106 minutos e demorou nove meses para ficar pronto.
Tetê desembolsou o resto do dinheiro. O contrato estipula, entretanto, que os direitos de propriedade e de distribuição são do Incra, que só liberou sua exibição para festivais.
Ela quer comercializar o vídeo para pagar seus custos adicionais. Mas, por questões legais, o Incra não pode ceder o filme para a diretora.
Depois de meses de discussão, a cineasta acertou anteontem com o presidente do Incra, Milton Seligmann, um fim para o problema.
As matrizes do vídeo foram enviadas à Funarte, onde adquiriram o status de domínio público. Quem se interessar pode usar o material do jeito que quiser.
Isso incluí Tetê. Anteontem à noite, "O Sonho de Rose" recebeu o Prêmio Margarida de Prata, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) -que receberá, do Incra, mil cópias do vídeo em VHS.
O filme "O Sertão das Memórias", de José Araújo, e o curta-metragem "Estrela de Oito Pontas", de Fernando Diniz e Marcos Magalhães, também foram premiados.
"Acho que foi esse prêmio que possibilitou que o filme fosse liberado", disse Tetê à Folha.

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