São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Senador usa sincretismo

XICO SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL

A imagem que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) construiu na Bahia reúne traços do coronelismo tradicional da política nordestina e do sincretismo religioso predominante no Estado.
ACM adota o estilo de coronel -prática corrente no Estado desde a República Velha- principalmente na forma dura de lidar com os seus adversários políticos. Ele não costuma ser dócil e acredita mesmo que pode conquistar novos aliados com o seu jeito.
Para o senador, os adversários confundem a sua "firmeza" com o que costumam chamar normalmente de "truculência".
Antonio Carlos, segundo os aliados, se orgulha de decisões rápidas e respostas "firmes". Eles citam como exemplo uma entrevista recente publicada pela Folha.
Perguntado sobre o que faria com o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, caso estivesse no lugar do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador disse que demitiria o polêmico ministro.
Naquela ocasião, Motta -um dos principais líderes do PSDB- havia dado declarações que provocaram um tumulto na convivência de políticos do PFL e ministros com o governo federal.
Orixá
Hábil no uso da simbologia religiosa da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, segundo os seus adversários, faz política como se fosse uma entidade da crença popular.
"É quase como um orixá", ironiza a ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata (PSDB).
O presidente do Senado diz que não há como ter qualquer contato com o poder na Bahia sem compreender o sincretismo religioso.
"Eu acredito, tenho fé no meu povo e isso não pode ser confundido com publicidade", sustenta o senador.
Foi de ACM a proposta para adotar uma música em louvor ao Senhor do Bonfim como hino oficial da Bahia, durante o seu último governo. Diante do protesto de representantes dos evangélicos, o político baiano desistiu da idéia.

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