São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Mães criticam critério de renda

DA REPORTAGEM LOCAL

Essa regra, entretanto, foi questionada por três mães de deficientes entrevistadas pela Folha.
Segundo elas, uma criança deficiente deveria receber o benefício independente da situação econômica familiar, desde que fique provado que o dinheiro está sendo usado para seu tratamento.
Lucineide Alves dos Reis, 32, gasta os R$ 120,00 do benefício para pagar as duas sessões semanais de fonoaudiologia para seu filho, Danilo, 7, que tem deficiência múltipla (surdez e cegueira parciais e problemas motores).
Ele ainda faz fisioterapia duas vezes por semana e estuda na Associação para Deficientes da Áudio Visão (Adefav), onde a mensalidade é de R$ 400,00. Como não pode pagar, Danilo obteve uma bolsa.
"As despesas com o deficiente são muito altas. Ele precisa de uma série de apoios, além de aparelhos especializados", diz Lucineide.
Já Ana Maria Meireles, 32, mãe de Shirley, 12, cujo desenvolvimento é atrasado devido a uma deficiência mental de causa desconhecida, não obteve o benefício.
Seu marido paga ao INSS uma contribuição como autônomo que indica renda superior à permitida. "O direito de Shirley como deficiente não foi levado em conta."
Rosineide Lima Cerqueira Silva, 28, pediu o benefício, mas ainda não obteve resposta. Todos os dias, ela pega um trem e dois ônibus para levar Jaqueline, 9, surda e cega parcial, de Suzano, a 35 km de São Paulo, à Adefav. Segundo ela, são seis horas de viagem por dia.
"Essa renda per capita familiar de R$ 29,99 é um absurdo."

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