São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Divórcio selou vitória de Diana

RUPERT CORNWELL
DO "THE INDEPENDENT"

Diana Frances Spencer nasceu no final da tarde de 1º de julho de 1961 em Park House, Sandrigham, a terceira filha do visconde e da viscondessa Althorp.
Para seus pais, inicialmente, foi um desapontamento: esperavam o nascimento de um filho homem para manter vivo o nome Spencer, próximo da corte britânica por mais de quatro séculos -apenas três anos depois, com o nascimento de seu irmão Charles, todas as condições estavam dadas para uma infância de sonhos.
Mas o sonho, sempre mais aparente do que real, ruiu. Segundo o biógrafo Andrew Morton, Diana sempre se lembraria de uma discussão violenta entre seus pais.
Em 1967, os Althorps se separaram depois de 14 anos de casamento. Com 6 anos, Diana se tornou uma peça num caso de divórcio. O pai conseguiu a custódia dos filhos. Para a garotinha, foi um trauma que marcaria sua vida.
Diana ia à escola Silfield, em King's Lynn e, 18 meses depois do divórcio dos pais, foi mandada para uma escola preparatória.
Ela era alegre, afável e rapidamente fez novos amigos. Em termos escolares, não se destacava. Adquiriu gosto por dançar e uma paixão pelos esportes que iria levar para a vida toda.
Em 1975, quando Diana tinha quase 14 anos, novas mudanças. Com a morte de seu avô, seu pai se tornou o oitavo duque Spencer, seu irmão Charles assumiu como visconde Althorp e ela e suas duas irmãs se tornaram ladies.
Com dinheiro herdado ao completar 18 anos, comprou um apartamento no bairro de Earl's Court. Em 1979, passou a dar aula a pré-escolares.
O herdeiro do trono britânico encontrou sua futura princesa numa festa em Sandrigham em janeiro daquele ano, para a qual Diana e sua irmã Sarah haviam sido convidadas. Sarah é quem seria a pretensa pretendente do príncipe.
Quase sem perceber, Charles foi ficando encantado pela alegre e simples irmã mais nova que estava se tornando uma bela e cativante mulher diante de seus olhos.
Aos 30 anos, Charles estava sob intensa pressão tanto do público quanto de seus pais para encontrar a futura rainha. Diana se encaixava perfeitamente. Era radiante, e, nas palavras de seu tio, lorde Fermoy, "uma virgem de boa-fé".
O casamento, no dia 29 de julho de 1981, foi um perfeito conto de fadas. Uma união feita no céu e selada em perfeito esplendor diante da congregação da catedral de São Paulo, em Londres.
Na verdade, essa foi uma união que nunca deveria ter acontecido. Desde o início, o fantasma vivo de Camilla Parker Bowles, a ex-namorada do príncipe Charles, rivalizava com Diana.
Assim que o amor inicial arrefeceu, o casal descobriu que tinha pouco em comum: Charles era cerebral e tradicional, e Diana, expansiva e impulsiva, apaixonada por música pop, clubes noturnos e barulho.
Em menos de 11 meses, nasceu o filho e príncipe herdeiro, William Arthur Philip Louis, em 21 de junho de 1982. Pouco menos de dois anos depois, nasceu Harry.
Depois do nascimento de William, Diana teve uma severa depressão pós-natal, mas, pelo menos por um instante, o casal tinha um interesse em comum. Embora de maneira imperceptível, o casamento começava a desmoronar.
Houve longas separações, insinuações veladas de distúrbios alimentares e crises de depressão provocadas pela retomada da relação de Charles e Camilla. Em 1985, começaram a surgir as primeiras notícias de discórdia, mas o desastre só ficou claro com a biografia de Diana, "Sua Verdadeira História", de Andrew Morton (1992).
Escrita com o apoio da biografada, o livro revelou uma série de tentativas de suicídio. Também revelou que ela sofria de bulimia e anorexia. Cinco meses depois da publicação do livro, o primeiro-ministro John Major, para surpresa de ninguém, comunicou ao Parlamento a separação do casal.
Diana, no entanto, foi evidentemente a vitoriosa no seu confronto com Charles. Quando estavam juntos, era para ela que se voltavam as câmeras. Quando se separaram, a simpatia do público ficou ao seu lado. Seu divórcio, concluído em agosto de 1996, só realçou sua vontade de ser livre. Finalmente, ela parecia chegar a um equilíbrio entre o carisma que exercia e a vida pessoal.

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