São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Sabesp distribui esgoto tratado a indústrias

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) vai distribuir pela primeira vez no país esgoto tratado em vez de água potável, para reduzir o déficit de abastecimento na região metropolitana de São Paulo.
O produto, um esgoto do qual foram retirados até 95% da matéria orgânica, não será distribuído para o consumo direto.
O público-alvo do projeto são indústrias que hoje utilizam água de altíssima qualidade, tratada com cloro e flúor, para limpeza e refrigeração de equipamentos, produção de vapor e até irrigação de jardins, entre outros usos.
Além de pagar mais caro por esse produto, as indústrias consomem um líquido que hoje faz falta a cerca de 1,6 milhão de pessoas na Grande São Paulo, devido à carência na produção de água potável.
Enquanto isso, a Sabesp produz por segundo milhares de litros de água de baixa qualidade, provenientes do tratamento do esgoto. Esse líquido, cuja produção custa 85% menos que a da água tratada, é hoje despejado em córregos.
O primeiro projeto de "reuso" da água, como é chamada a distribuição de esgoto tratado, deve ser concluído no mês que vem, para a região do ABCD. Outros dois sistemas semelhantes estão em estudo, para o Ipiranga (zona sudeste de São Paulo) e Barueri (região oeste da Grande São Paulo).
A água não potável deve estar à disposição das indústrias do ABCD em 1999. Em maio, a Sabesp fez uma pesquisa em 130 indústrias da região e definiu como alvo principal o pólo petroquímico de Mauá. Hoje, o pólo absorve cerca de 500 litros de água por segundo, metade de todo o consumo industrial da região. Um terço dessa água é fornecido pela Sabesp.
O restante é captado diretamente de cursos de água próximos.
Pelo projeto da Sabesp, será possível distribuir às empresas da região 1.500 litros de esgoto tratado por segundo, metade da produção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) do ABC, que deve entrar em operação em maio de 1998.
Os outros 1.500 litros produzidos por segundo pela ETE ABC, na divisa de São Paulo com São Caetano, serão despejados no rio Tamanduateí. "O reuso aumenta a oferta e libera água muito boa para a população", diz José Carlos Leite Ribeiro, superintendente do projeto Tietê e responsável pelo projeto de reuso da água.
Segundo ele, a economia de água potável decorrente do reuso será distribuída pela Grande São Paulo.
Isso porque, hoje, apenas 55% dos 17 milhões de litros de água potável que o ABCD consome por dia são do Rio Grande, na represa Billings, originariamente criado para abastecer a região. O restante vem de outros sistemas que abastecem a Grande São Paulo.

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