São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997 |
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Ação da Confab ainda tem gás para subir
VANESSA ADACHI
Agora volta a pergunta. O que fazer com as ações da Confab, maior fabricante brasileira de tubos de aço e que está fornecendo o material para a construção do gasoduto Brasil-Bolívia? Vender? Esperar? Ou continuar comprando? "Continuo recomendando compra", afirma a analista do Banco Bozano, Simonsen, Flávia Gribel, após analisar o resultado do segundo trimestre publicado pela empresa. "Compra" também é a recomendação que aparece no relatório que a corretora Síntese publica hoje sobre o setor de gás natural. "O mercado de gás é gigantesco e a Confab é a única empresa a ser beneficiada que pode ser comprada na Bolsa", diz Maurício Felício, analista da Síntese. Os dois analistas divergem sobre qual seria o preço justo da empresa, mas ambos consideram que há espaço para subir. Flávia Gribel calcula que Confab PN pode chegar a R$ 3,43 por mil ações e para Felício o preço justo, em uma perspectiva conservadora, é de R$ 2,85. Na última sexta-feira, os papéis fecharam a R$ 2,45 o lote de mil, após caírem 2% em meio à turbulência que tomou conta da Bolsa. Mas, desde que a Confab divulgou seu resultado do segundo trimestre suas ações já deram mais um pulo: subiram 29% em agosto, enquanto o Ibovespa (principal índice de Bolsa paulista) acumulou queda de 17,6%. O lucro do trimestre foi de US$ 9,3 milhões, quase três vezes superior ao registrado no mesmo período de 96. "O resultado ficou acima das nossas projeções", diz Flávia. A analista destaca que a receita da empresa praticamente dobrou e que a influência do gasoduto nesse desempenho ainda é muito pequena. "A maior parte da receita do gasoduto ainda vai entrar. Do contrato de R$ 360 milhões, apenas R$ 20 milhões já foram pagos". Até 1999 a Confab tem uma programação de receita vinda do gasoduto Brasil-Bolívia, mas e depois disso o negócio ainda é bom? Felício, da Síntese, acredita que sim. "Já se estuda fazer ramificações do gasoduto e havendo oferta de gás, o mercado é grande. Fora da região metropolitana do Rio e de São Paulo não existe distribuição de gás encanado", diz ele, lembrando que a empresa se reestruturou e está enxuta. No ano passado, a Confab contratou consultorias que fizeram o trabalho de reestruturação. Além de um profundo corte de funcionários e da eliminação de produtos deficitários, a empresa vendeu a fábrica de Coca-Cola que tinha no Rio de Janeiro para pagar parte do seu passivo. E liquidou o restante do seu endividamento com a receita da venda de sua participação na Usiminas, segundo Maurício Felício. "A empresa aumentou a receita e reduziu o custo. O resultado é que sua margem disparou", diz Projetos de outros gasodutos já despontam na região do Mercosul. Segundo o relatório do Bozano, analisa-se a construção de cerca de seis mil quilômetros na região. O destaque fica para o gasoduto Corrientes, que pretende ligar Argentina a São Paulo, e terá três mil quilômetros de extensão. O início da sua construção está previsto para final de 98. Isso é negócio na certa para a Confab. No Brasil, suas duas únicas competidoras produzem apenas 65 mil toneladas de tubo ao ano, enquanto ela sozinha produz 500 mil toneladas. Além disso, a Confab possui 30% em uma companhia argentina de tubos de aço, que por sua vez detém 30% da Confab. Não é só no promissor segmento de gás natural que estão as oportunidades de negócios da Confab. Os analistas acreditam que o fornecimento de tubos para obras de saneamento básico também será um bom filão daqui para frente. A retomada de investimentos pela Petrobrás, na provável companhia de parceiros estrangeiros, também promete. Em vista disso tudo e dos bons resultados no primeiro semestre, o Bozano elevou a estimativa de lucro de US$ 28,5 milhões para US$ 34,1 milhões em 97. Para o ano que vem, as estimativas foram elevadas de US$ 32,1 milhões para US$ 39,5 milhões e para 99, de US$ 31,2 milhões para US$ 36,2 milhões. Texto Anterior: Produtor do Brasil festeja concorrência estrangeira Próximo Texto: Distribuição deve crescer Índice |
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