São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Pequenas incoerências

HELCIO EMERICH

Como comentou aqui na Folha o jornalista Elio Gaspari, o dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), José Rainha Jr., por tabela também um dos gurus do movimento dos sem-teto, não se enquadra nem em uma nem em outra das duas categorias: é proprietário de um terreno e possui casa própria. Agora, vai trocar o cheiro de terra pela fragrância de um perfume francês comprado pela sua mulher, Diolinda, em Paris.
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, que é contra a reeleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, mergulhou de cabeça na campanha para garantir sua própria reeleição à presidência da CUT.
O deputado federal Hélio Bicudo, do PT, brigou muito na Câmara Federal para aprovar o projeto que acaba com o julgamento de militares pelos próprios militares, já que isso caracterizaria, segundo ele, um corporativismo inaceitável num regime de direito. Mas, quando da criação de uma comissão para apurar o envolvimento do PT no chamado "caso Cpem", integrada pelo deputado, não foi permitida a participação de ninguém que não fosse da cúpula do partido.
Autoridades do Ministério das Minas e Energia e diretores da Eletrobrás e da Cesp ocupam a mídia para ameaçar os consumidores com o racionamento de energia elétrica. É que, segundo eles, todo nós estamos abusando do chuveiro nosso de cada dia, convertido em grande vilão do desperdício nacional. Agora, corridas no Jockey Club e partidas de futebol noturnas (para atender aos interesses das emissoras de TV), centenas de "back-lights" e painéis de eletromídia acesos dia e noite, outdoors iluminados, discotecas abertas até de madrugada, shoppings com dezenas de aparelhos de TV ligados ao mesmo tempo, lava-jatos e lojas de conveniência 24 horas, casas de vídeo games (tudo funcionando no horário de pico), bem, essas coisas devem ser movidas a lenha.
Telecassino
As transmissões de futebol da maioria das emissoras de TV estão cada vez menos ligadas no esporte.
Na Bandeirantes, os narradores viraram crupiês. Os lances de gol, bola na trave etc. são agora meros pretextos para induzir os telespectadores às apostas por telefone.
Na Record, SBT e nas mesas-redondas de quase todos os canais, prevalecem as "pesquisas" à base de perguntas cretinas ("Se você acha..."), que não resultam em nada a não ser em faturamento extra para os promotores da batota eletrônica.
Sem contar que o jogo é proibido no país, ainda há quem chame tudo isso de jornalismo esportivo.

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