São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Porão da aeronave virará clube

ERNESTO KLOTZEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os primeiros exemplos de aproveitamento de parte do enorme volume dos compartimentos de carga se refere aos banheiros.
A recolocação de duas ou três dessas instalações para o porão significa espaço a mais na classe econômica -nesse caso a escada de acesso fica na parte traseira da cabine- ou a possibilidade de oferecer banheiros a mais.
As primeiras cabines privativas oferecidas inicialmente se destinavam ao descanso dos tripulantes em um compartimento único próximo aos banheiros, onde havia muita privacidade.
As mesmas companhias pioneiras -assistidas por decoradores e arquitetos de interiores da Airbus- acenam com o aproveitamento do espaço livre abaixo do piso principal para a instalação de lojas "duty free", centro médico, bar, creche, cassino, centro de comunicações ou outra utilização que está longe de ser fantasia.
Richard Branson, o revolucionário empresário e fundador da Virgin Atlantic, pretende instalar as banheiras de turbilhão Jacuzzi à bordo de seus A-340. A Cathay Pacific pensa em cabines privativas.
Apenas o começo
Um passageiro da primeira classe que quiser utilizar a cabine privativa terá direito a uma poltrona normal, que provavelmente só ocupará durante as fases de decolagem e pouso, quando é proibido permanecer nas cabines por motivos de segurança.
Em seguida, descerá uma cômoda escada e percorrerá um corredor de quase um metro de largura até chegar à sua cabine.
As dimensões, a decoração, a iluminação e o ar-condicionado das áreas de circulação tendem a acalmar os mais claustrófobos. Para tanto, o "pé direito" é de quase dois metros.
Cada cabine tem, no mínimo, duas camas (2 m de comprimento cada) com respectivos armários e banheiros próximos a elas.
O aproveitamento de parte do compartimento de carga pode ser considerado um marco nas facilidades que o passageiro encontrará à bordo nos próximos anos.
Por enquanto se fala exclusivamente da primeira classe, cujo passageiro já paga bem mais por um tratamento especial.
É apenas o começo, como a Airbus fez questão de evidenciar em seu estande no famoso Salão de Paris/Le Bourget.
Uma seção transversal do gigantesco projeto A-3XX serviu de tela de projeção para um filme que dá uma idéia do que pode esperar um passageiro (em qualquer classe) a partir de, digamos, 2004.
Além das cabines descritas, haverá salas de ginástica, grandes locais para compras, salões e muito espaço para caminhadas e confraternização.
O local provavelmente não será compartilhado por todos aqueles que desejarem descansar ou falar de negócios durante os longos vôos de mais de 12 horas.
Afinal, foram eles que provocaram o resgate daquele espaço que a maioria só conhece em terra quando as enormes portas de carga estão abertas.

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