São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Solução social não sairá da 'batina', diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu ontem às críticas que tem recebido de bispos católicos e de líderes dos sem-terra. Referindo-se à igreja, FHC disse que, para os problemas sociais, a solução não pode ser tirada da "batina" num passe de mágica.
Antes de conceder uma entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, FHC fez um discurso otimista sobre a situação do país e dos investimentos na área social e pediu, mais uma vez, que o Congresso aprove as reformas.
"Perdem tempo os que pensam tirar da cartola ou da batina ou do boné a solução social, porque a solução social não é mágica, depende de um compromisso efetivo de vida, de consciência de trabalho", afirmou FHC ao criticar os bispos que anunciaram, na semana passada, a organização, junto com os sem-terra, de um protesto contra o governo no dia 7 de setembro.
FHC fez um apelo para que o Dia da Independência não vire uma "data de desunião".
A entrevista e o balanço da economia foram para comemorar os três anos e meio do lançamento da URV (Unidade Real de Valor), indexador que se converteu no real.
Para o presidente, é preciso "desideologizar" a reforma agrária, que não deve ser usada como uma "bandeira" contra seu governo.
"Tem tanta bandeira contra FHC. Por que pegar essa (a da reforma agrária), que atrapalha o povo, se FHC está de acordo em fazer essas transformações?"
Ele citou a visita que fez ao assentamento Nova Itália, em Buritis (MG), no sábado. Afirmou que seu governo cumprirá a meta de assentar 80 mil famílias em 97.
FHC voltou a cobrar do Congresso a aprovação das reformas, que, segundo ele, têm o apoio da população. "Os que, por razões eleitoreiras, têm medo de fazer as reformas vão se arrepender, porque o resultado não será, eleitoralmente, da forma como eles imaginam", afirmou.
O presidente citou a realização do "Brasil em Ação", programa de obras prioritárias do governo. "Vocês (jornalistas) podem continuar escrevendo que é o carro-chefe da campanha eleitoral. Ótimo. Se eu vier a ser candidato, terei que dizer: 'É, realmente, a minha campanha é pelo Brasil'."
Para ele, o otimismo deve "infundir-se" na população. Afirmou que há quedas no índice de desemprego e que a Fipe deve registrar inflação negativa em agosto.
"Somente a título de entusiasmar, eu até podia dizer que a cesta básica no Brasil tem uma estabilidade igual à do franco suíço. A cesta básica é mais estável que a moeda", afirmou o presidente.
FHC se disse um "social-ista", o que olha para o social. "Mas isso não pode ser feito à moda antiga, como se fosse possível, por apertar um botão, as coisas acontecerem."

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