São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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FHC o excluído

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

FHC calçou botas e tocou para o acampamento dos sem-terra. Como Diana, ele correu, seguido pelas câmeras da Globo e outras, mas não o bastante para escapar.
Dois dias depois, chamou coletiva para celebrar três anos e meio (foi o que disse) do real. Na verdade, uma coincidência com o Grito dos Excluídos, da Igreja e do MST, marcado para o dia 7.
Ele descreveu na coletiva, ao vivo e nos telejornais:
- Fui sozinho... Fui ver, sentir de perto a situação. Dramática, devo dizer. Entrei em casa com toldo de lona... Fiquei impressionado com as conversas que tive lá, com as pessoas simples, que querem realmente trabalhar...
E seguiu assim longamente, descritivo, mais para Getúlio do que para Fernando. Até chegar ao que importa:
- A reforma agrária não deve ser usada como uma bandeira contra FHC (sic). Tem tanta bandeira contra FHC, por que pegar esta, se FHC está de acordo em fazer esta transformação?
Mais claro ainda:
- Eu faço um apelo. Não transformemos 7 de setembro numa data de desunião... A inclusão implica compromisso de criar um clima que permita a inclusão de todos...
FHC queria, afinal, apenas incluir-se, também ele, no Grito dos Excluídos.
*
Legalmente bêbado. A CNN repetiu à náusea a expressão que tirou de fotógrafos e dos jornalistas em geral a culpa pela morte de Diana.
Os paparazzi diretamente envolvidos serão acusados de omissão de socorro e só.
Sobrou para o motorista, por beber três vezes mais do que permite a lei. Legalmente bêbado e devidamente morto, incapaz de responder.

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