São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Testemunha de acusação muda versão sobre Rainha à Justiça

'Zé do Coco' diz que viu líder do MST em local de mortes

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Principal testemunha de acusação contra José Rainha Júnior, José Jorge Guimarães, o "Zé do Coco", contradisse ontem a descrição que fizera do líder dos sem-terra em depoimento à Justiça. Ele afirmou que suas declarações foram modificadas por terceiros.
Localizado pela Folha, Guimarães, 54, disse que viu Rainha na véspera dos crimes, quando transportava trabalhadores para a invasão da fazenda Ypueiras, em Pedro Canário (a 270 km de Vitória).
No depoimento à Justiça, Guimarães descreveu Rainha como uma "pessoa alta, de rosto bem cheio, embora não fosse redondo, sem barba e sem bigode, moreno bem claro, mais ou menos gordo".
"Colocaram isso no meu depoimento. Eu assinei, mas não li direito, porque confiava. Vi Zé Rainha, era magro, de rosto fino, barbudo, de olho grande. Tenho certeza", afirmou Guimarães, que disse saber ler "mais ou menos" e ter estudado até a 4ª série primária.
A invasão da fazenda terminou com as mortes do fazendeiro José Machado Neto e do soldado Sérgio Narciso, em 5 de junho de 1989.
Rainha foi indiciado como co-autor, sob acusação de ter organizado a invasão e dado fuga aos sem-terra. Julgado em junho deste ano, foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão e terá novo julgamento, previsto para o dia 16.
Guimarães disse à Folha por telefone, que, no caminho para a fazenda, um dos organizadores da invasão pediu-lhe que parasse o caminhão e apontou um homem, afirmando que aquele era Rainha.
A testemunha disse que já recebeu ameaças de morte por telefone e que alguém deixou em sua casa um desenho com uma sepultura e seu nome escrito.
A Justiça do Espírito Santo deve votar amanhã o pedido de desaforamento (transferência do julgamento de uma comarca para outra) do julgamento de Rainha de Pedro Canário para Vitória.

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