São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Paulistano enfrenta ar quase desértico

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo registrou ontem 15% de umidade relativa do ar, a menor taxa do ano, segundo o 7º Distrito do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), responsável pelas medições na capital paulista.
O índice, pouco superior ao dos desertos, foi medido às 15h.
Nesse mesmo horário, foi registrada a temperatura máxima de ontem na cidade, 30°C, a maior medida neste inverno até ontem.
Não chove na cidade, segundo o instituto, desde o último dia 24.
Ernesto Alvin, meteorologista do Inmet, afirmou que a menor taxa de umidade já registrada na cidade de São Paulo foi de 14%, em setembro de 63.
Ele também disse que a cidade já registrou em outros anos umidade do ar de 15%, mas não soube precisar quantas vezes e quando isso ocorreu.
Umidade relativa do ar menor do que 20% já é considerada bastante baixa pelos meteorologistas.
O índice de ontem na capital paulista é tão anormal que ficou abaixo até da taxa de Brasília, uma das cidades mais secas dos país.
Brasília registrou ontem 23% de umidade do ar às 12h. A umidade média do ar em São Paulo no mês de setembro -normalmente o de ar mais seco durante o ano- é de 28%, quase o dobro da que foi registrada ontem.
"A umidade do ar registrada em São Paulo foi pouco superior à que se mede nos desertos, onde a umidade varia entre 6% e 10%", disse Pedro Leite da Silva Dias, meteorologista da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Dias, o que ameniza os efeitos da baixa umidade numa cidade como São Paulo é o fato de que, à noite, esse índice tende sempre a aumentar.
"Em São Paulo, níveis tão baixos de umidade do ar são um evento esporádico e pontual, que dura poucas horas. Num deserto, os níveis baixos de umidade são mais permanentes e persistem durante a noite", afirmou Dias.
Frente fria
Nas próximas 48 horas, os meteorologistas não prevêem grandes mudanças na temperatura e umidade do ar.
"Uma frente fria deverá passar por São Paulo entre quarta e quinta-feira, fazendo a temperatura cair um pouco e a umidade aumentar. Mas não há certeza de que haverá chuva", disse Alvin.
Segundo Alvin, as últimas frentes frias têm ficado estacionadas na região Sul, não conseguindo chegar a São Paulo.
O meteorologista Dias, da USP, afirmou que as chuvas costumam retomar uma maior frequência a partir do dia 25 de setembro.
"Isso é o que normalmente acontece. Mas, como este inverno tem sido muito quente e diferente do padrão, ainda estamos observando os dados meteorológicos para ter uma idéia melhor do que vai acontecer", disse Dias.
Alguns meteorologistas acreditam que a estação das chuvas poderá se antecipar um pouco este ano e começar em meados deste mês.

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