São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rombo no Bamerindus superava R$ 1,5 bi

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Bamerindus tinha um patrimônio líquido negativo -a venda de todos os bens não cobriria as dívidas- superior a R$ 1,5 bilhão na época da intervenção feita pelo Banco Central, em março último.
Os inspetores do Banco Central também descobriram que a Inpacel, indústria de papel e celulose construída no Estado do Paraná, constava da contabilidade do grupo Bamerindus com um valor equivalente a R$ 600 milhões, enquanto não valia mais do que R$ 100 milhões, apurou a Folha.
Os dados foram levantados pela Comissão de Inquérito do Banco Central instalada no Bamerindus. O trabalho dos integrantes da comissão deve ser concluído no final da primeira quinzena de novembro próximo.
Rombo
O rombo patrimonial do Bamerindus foi confirmado pelo presidente do Banco Central, Gustavo Franco, em artigo publicado na edição da Folha do último domingo.
A Inpacel ainda tem diversos empréstimos a serem quitados no mercado e deve ser leiloada até o final deste mês.
A empresa, com a Bamerindus Agro-Florestal, tem mais de mil funcionários.
A fábrica foi uma das causas de descapitalização do Bamerindus. Como não conseguia se firmar no mercado de papel, a Inpacel tomou dinheiro emprestado para ampliar e modernizar seu maquinário.
Andrade Vieira
Ex-controlador do Bamerindus, o senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) tem contestado as condições da venda do banco ao HSBC (Hongkong and Shanghai Banking Corporation). Ele argumenta que a marca Bamerindus vale mais que os R$ 381 milhões pagos pelo HSBC.
Ontem, Andrade Vieira disse à Folha que "as declarações do senhor Gustavo Franco são uma cortina de fumaça para continuar escondendo a verdade".
Em agosto, o senador conseguiu uma decisão judicial para desbloquear seus bens pessoais, mas o BC conseguiu reverter a decisão.
A Comissão de Inquérito do Banco Central no Bamerindus vai apontar se houve envolvimento dos ex-controladores e ex-administradores no desempenho negativo que levou à quebra do banco paranaense.
A transferência das atividades bancárias do Bamerindus ao HSBC recebeu R$ 5,868 bilhões do Proer (programa oficial de incentivo à fusão de bancos). O HSBC fez um investimento direto no banco paranaense no valor de US$ 930 milhões, segundo o BC.

Texto Anterior: Medeiros sai escoltado em congresso no PR
Próximo Texto: Banco lança novos fundos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.