São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Encol insiste que solução virá dos EUA
SÉRGIO LÍRIO
Ontem, depois de uma reunião de quatro horas em São Paulo, Pedro Paulo de Souza, sócio majoritário da construtora, e Emilio Gorriti, representante das norte-americanas World Mae e CB Commercial, anunciaram que um acordo entre as empresas deve ser assinado nos próximos dois dias. Segundo Gorriti, o acordo está 99% fechado. O 1% que falta seria o aval dos executivos da World Mae, que não saiu ontem porque era feriado do Dia do Trabalho nos EUA. "Devemos fechar em um par de dias", disse. A World Mae e a CB Commercial atuam nos EUA como companhias de securitização. Elas compram hipotecas e as transformam em títulos, que são negociados no mercado financeiro. A intenção das empresas é aplicar, por meio da Brasie Mae (uma subsidiária da World no país), recursos na Encol para que as cerca de 710 obras espalhadas pelo país sejam concluídas. A Encol deve perto de R$ 900 milhões, entre dívidas com credores e impostos. A Brasie Mae deve adquirir hipotecas e renegociar as dívidas da construtora com seus credores. Em contrapartida, serão emitidos títulos no mercado dos EUA para cobrir esses investimentos. Há duas vantagens para as empresas. A primeira é que elas ganharão dinheiro com a diferença de juros no Brasil e nos EUA. No mercado norte-americano, os juros para captação giram em torno de 5%. Ao adquirir as hipotecas no Brasil, elas poderão cobrar, por exemplo, juros de 12%. A segunda é que, ao fazer uma operação hipotecária com a Encol, a Brasie Mae ganha espaço no mercado brasileiro. Com a aprovação do SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), cujo projeto tramita no Senado, o mercado de securitização no Brasil deve explodir. "Sem esse acordo com a Encol, a Brasie Mae levaria 160 anos para se firmar no mercado brasileiro. E eu acho que só vou viver 75", disse Gorriti. Segundo ele, as empresas norte-americanas só entrarão com dinheiro. A CB cuidará dos cerca de 40 empreendimentos comerciais, como shoppings e hotéis, e a World Mae ficará com os residenciais. A Encol deve tocar as obras. Uma auditoria, que deve ficar a cargo da Price Waterhouse e de técnicos norte-americanos e argentinos, irá analisar o aporte de capital necessário para concluir as obras. Mas Gorriti anunciou que já existe crédito de US$ 150 milhões para tocar obras. Parte do dinheiro, disse, pode ser liberado em 30 dias, antes do fim da auditoria. As empresas ainda negociam com quem ficará o controle acionário da Encol. Souza disse que abrirá mão do controle, caso seja essa a solução para a crise. Texto Anterior: Juiz se nega a liberar bens Próximo Texto: Mutuários estudam transferir ações de sócios para "credores" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |