São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Mutuários estudam transferir ações de sócios para "credores"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os mutuários da Encol discutem hoje uma proposta de transferência de ações dos atuais sócios para todos os "credores" da construtora -empregados, fornecedores e bancos, além dos mutuários.
A diretoria da Associação Nacional dos Mutuários vai analisar o projeto, elaborado em conjunto com o Banco Boavista. Se a proposta for aprovada, será discutida com a empresa.
O presidente da associação, Charles Belchieur, disse que a idéia é passar todo o controle da empresa para os mutuários, empregados, fornecedores e bancos.
Na semana passada, o sócio-majoritário da Encol, Pedro Paulo de Souza, anunciou que repassaria suas ações (84% do total) somente para mutuários e empregados.
Pela proposta dos mutuários, seriam transferidas também as ações dos outros sócios, familiares de Pedro Paulo. Os novos controladores negociariam o pagamento dos impostos atrasados e o refinanciamento das obras.
Segundo ele, a troca do controle daria credibilidade para a obtenção de novos financiamentos.
Belchieur disse que foi procurado por técnicos do Boavista para estudar uma solução. O banco teria ajudado gratuitamente na elaboração dessa proposta.
"Os bancos particulares estão dispostos a encontrar uma solução porque sabem que a falência seria uma briga jurídica longa", disse.
Ele não quis detalhar o projeto, mas disse que os impostos seriam "ajeitados" pelos bancos credores. Eles poderiam dispor, por exemplo, de títulos da dívida pública para quitar o débito com o fisco, de R$ 115 milhões.
A dívida com os bancos chega a R$ 700 milhões, sendo que o Banco do Brasil é o maior credor, com R$ 211 milhões. São 710 empreendimentos inacabados, 42 mil mutuários e 12 mil empregados, que estão sem receber há três meses.

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