São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Liquidação frustra lojas em agosto

Consumidor "limpa" nome

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem o Dia dos Pais nem a campanha "Liquida São Paulo" animaram as venda do comércio paulista em agosto. Alguns consumidores preferiram, sim, pagar ou renegociar dívidas para "limpar" o nome e voltar a ter crédito para gastar no final do ano.
A Associação Comercial de São Paulo registrou em agosto queda de 0,1% nas consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), na comparação com julho, e um aumento de apenas 0,6% na procura pelo Telecheque, no período. O SPC é um indicador da venda a prazo, e o Telecheque, da venda à vista.
Ao mesmo tempo, a associação registrou em agosto aumento de 26,8% no número de carnês que foram quitados ou renegociados pelos consumidores, na comparação com julho, e de 85,2% sobre o de agosto do ano passado.
"Mesmo com a campanha para desovar os estoques, as vendas não deslancharam", diz Emílio Alfieri, economista da associação. Isso, diz, porque o lojista está mais cauteloso para conceder o crédito, e o consumidor já esgotou sua capacidade de endividamento.
Tradicionalmente, conta Alfieri, a procura pelo SPC e pelo Telecheque cresce 3% em agosto, em relação a julho, por causa do Dia dos Pais e das liquidações de inverno. "Neste ano, esses dois eventos podem ter apenas minimizado a queda do faturamento das lojas."
O número de consultas ao SPC e ao Telecheque continua elevado quando comparado com o de igual período de 1996. Em agosto, no SPC o aumento foi de 22,2% e no Telecheque, de 35,8%.
Alfieri explica que boa parte desse crescimento, no entanto, se deve ao fato de as lojas estarem consultando mais os dois serviços, mesmo no caso de cheques de baixo valor. "Não significa aumento do consumo."
Inadimplência
Pelo levantamento da associação, a inadimplência diminuiu. Em agosto, o número de carnês em atraso caiu 20% sobre o de julho -de 314.670 para 251.794. O número de julho foi recorde.
"A inadimplência se atenuou, mas continua preocupando." Segundo Alfieri, ainda não dá para dizer que a redução no número de carnês em atraso é uma tendência.
Para Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem, a inadimplência tende a crescer novamente. "Nós já verificamos ligeira alta em agosto -subiu de 3,5% para 4% sobre o valor financiado pela rede."
A Cem, conta, não teve um bom desempenho de vendas em agosto. A rede faturou 6% a menos do que em julho e 17% a menos do que em igual mês do ano passado. "Participamos da campanha de liquidação, mas não teve efeito."
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo prevê para este mês venda ainda 5% menor do que a de agosto. "Não há nada que indique melhora no consumo", diz Vladimir Furtado, economista da federação.

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