São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Trajetória de Elza

. Mulata do Morro
Na contracapa de seu primeiro disco, "Se Acaso Você Chegasse" (60, foto acima), Elza diz: "Tenho 21 anos, fui mãe de seis filhos". Segundo José Louzeiro, ela já tinha 30 anos quando gravou pela primeira vez os hoje clássicos "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicinio Rodrigues) e "Mulata Assanhada" (Ataulfo Alves). No mesmo ano, saiu "A Bossa Negra" (foto abaixo), em que Elza, ainda em visual mulata do morro, estreou "Boato" (João Roberto Kelly), que agora ela regrava em "Trajetória".

. Sambista Bossa Nova
Da metade dos 60 em diante, mergulha nas inflexões jazzísticas da bossa nova, mas se mantém fiel ao samba. Em "O Máximo em Samba" (67), dá roupagem de bossa a canções de Noel Rosa, Wilson Batista, Ataulfo Alves. Em "Elza Soares" (68, foto acima), evidencia o baterista Wilson das Neves, invade os repertórios de João Gilberto ("O Pato") e Jair Rodrigues ("Deixa Isso pra Lá"); influenciada por Louis Armstrong, transforma "In the Mood" em "Edmundo".

. Elza & Miltinho
Entre 67 e 69, abre-se a parceria com o cantor Miltinho (acima). Caracterizado pejorativamente pelo crítico José Ramos Tinhorão como "sambalanço" -o samba crivado de valores americanos e gracinhas forçadas- o trabalho, em três volumes, rende fileiras de pot-pourris e sátiras em que Elza se finge das divas Araci de Almeida, Isaurinha Garcia, Angela Maria, Wanderléa.

. Carnaval e modernidade
No final dos 60, Elza se abre às "novas gerações" do samba. Em "Elza, Carnaval e Samba" (69, acima), canta samba-enredo do Império Serrano ("Heróis da Liberdade"). Em "Sambas & Mais Sambas" (70), interpreta ídolos da época: Jorge Ben ("Mas Que Nada"), Paulinho da Viola ("Recado"), Simonal ("Tributo a Martin Luther King").

. Black power
Anos 70 adentro, Elza se embrenha pela cultura afro, em discos como "Elza Soares" (75, foto acima), em que rivaliza com a cor macumbeira de Clara Nunes, "Nos Braços do Samba" (76) ou "Pilão + Raça = Elza" (77)

. Sem Samba
Nos silenciosos anos 80, recolhe-se e só reaparece em 86, embalada pela onda "Tina Turner brasileira", com "Somos Todos Iguais" (acima). A salada eclética une sambões típicos ("Cacatua", "Daquele Amor, Nem Me Fale"), levadas caribenhas (a faixa-título), jazz de raiz ("Sophisticated Lady", dividida com Caetano), rock ("Milagres", de Cazuza e Frejat). Em "Voltei" (88), a contemporaneidade cede lugar de novo ao velho samba de morro.

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