São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Jornais de estilos diferentes abrem debate sobre invasão de privacidade

DE LONDRES; DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Começaram a esfriar ontem as manifestações contrárias a atuação de fotógrafos que flagram personalidades, como os que acabaram contribuindo para o acidente que matou a princesa Diana e seu namorado, Dodi al Fayed.
Ao mesmo tempo, acentuaram-se as controvérsias entre tablóides sensacionalistas e a imprensa mais influente.
Cris Smith, secretário de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido, disse ontem em Londres que "o momento é para reflexão, antes de se chegar a qualquer conclusão definitiva sobre o assunto".
O ex-premiê britânico John Major afirmou ser difícil criar uma lei abrangente o suficiente para impedir que a privacidade de celebridades seja invadida.
Um dia antes, Robin Cook, ministro do Exterior, foi taxativo: "perguntas sérias devem ser feitas sobre se uma introdução agressiva em sua privacidade (de Diana) não foi responsável pelo acidente".
Informações de que o motorista do Mercedes onde viajavam Al Fayed e Diana estava alcoolizado ajudaram a desviar as discussões.
Max Hastings, editor do tablóide "Evening Standard", disse que é "no mínimo falta de inteligência" correr a mais de 150 km por hora no meio da noite por causa de uma perseguição de "paparazzi" (Paparazzo é o nome de um fotógrafo no filme "A Doce Vida", de Fellini, e originou a expressão).
A maior parte dos jornais sensacionalistas britânicos fez cortes nos quadros de fotógrafos nos últimos anos, o que aumentou o número de free-lancers. Eles competiam por fotos de Diana e outros membros "reais", cujo preço mínimo gira em torno de R$ 200.
"De qualquer modo, uma regulamentação sobre o assunto colocaria em risco muitas oportunidades de se fazer um jornalismo legítimo", avalia Hastings.
No Reino Unido, os jornais fazem, teoricamente, uma auto-regulação de suas atividades por meio da Comissão de Reclamações à Imprensa, cujos membros são diretores de jornais. A comissão não tem poderes para multar ou punir e é comumente chamada de "cão de guarda sem dentes".

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