São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Fotógrafos devem ser indiciados hoje por participação no acidente

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O Ministério Público francês deve indiciar hoje três ou quatro fotógrafos por suposta participação no acidente que matou a princesa Diana, na noite de sábado.
Hoje será pedida a abertura de informação judicial, o primeiro passo para dar início ao inquérito, a fim de investigar a suposta participação dos fotógrafos.
Sete deles foram detidos nas imediações do túnel sob a praça de l'Alma pouco depois do acidente. Eles fariam parte do grupo que estava perseguindo o carro em que estava a princesa Diana.
Os fotógrafos permaneceram detidos na sede da Brigada Criminal, divisão da polícia que encabeçou as investigações preliminares, durante 48 horas.
À 0h30 de ontem (19h30 no Brasil), eles foram levados para a prisão provisória do Palácio de Justiça de Paris. Os fotógrafos devem ser liberados hoje, segundo a assessoria da Polícia Nacional.
Os indiciamentos devem ser por "não-assistência a pessoa em perigo", o que é considerado crime pela legislação francesa. Diversas testemunhas disseram à polícia ter visto fotógrafos fazendo imagens do acidente sem terem se preocupado em ajudar as vítimas.
A polícia também teria apurado que apenas um entre os detidos teria telefonado aos bombeiros para avisar do acidente e, depois, começado a fotografar as vítimas.
O médico Frédéric Mallez disse ao canal de TV France 3 que havia entre 10 e 15 fotógrafos dentro do túnel fazendo imagens do acidente. Mallez estava passando pelo local minutos após o acidente e afirmou ter prestado os primeiros-socorros às vítimas.
Um elemento importante nas investigações preliminares são cerca de 20 filmes apreendidos, alguns contendo imagens do acidente. Também segundo o Ministério Público, as fotografias ajudaram a compreender melhor as circunstâncias do acidente.
As identidades de apenas dois dos fotógrafos foram reveladas: Jacques Langevin e Nicolas Arsov. Sabe-se que entre os sete, seis são franceses e um é macedônio.
Segundo a rádio Europe 1, os fotógrafos não seriam paparazzi, como anunciado anteriormente, mas repórteres fotográficos que trabalham para agências fotográficas, entre elas a "Gamma". As agências são empresas que compram e vendem fotografias.
Alguns dos detidos teriam, inclusive, participado de coberturas importantes como a Guerra do Golfo e a devolução de Hong Kong à China. A polícia não confirmou se há profissionais dessas empresas envolvidos no caso.
A Folha tentou contato com a agência "Gamma", mas ninguém quis se pronunciar.
Ontem, policiais fizeram busca em algumas agências de fotografia de Paris na tentativa de localizar mais filmes com imagens do acidente e das vítimas.
Bernard Dartevelle, advogado da família Al Fayed em Paris, afirmou ontem que pretende entrar com ação civil por homicídio culposo (involuntário) contra os fotógrafos que vierem a ser indiciados.
A decisão independe do fato de eles terem sido ou não responsáveis pelo acidente. "Eles cometeram delito de tentativa de violação da vida privada, repudiado pelo Código Penal", disse Dartevelle, referindo-se à perseguição.

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