São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997 |
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Tasso convence Ciro a adiar saída do PSDB PAULO MOTA PAULO MOTA; EMANUEL NERI
EMANUEL NERI Depois de mais de quatro horas de reunião, o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), convenceu anteontem o ex-ministro Ciro Gomes a adiar seu plano de abandonar o PSDB. O encontro foi feito a pedido de FHC. Mas Ciro continua com um discurso ambíguo sobre seu futuro político, acenando em várias direções. Uma delas é a formação de uma frente de esquerda com o PT: "Abalaríamos o Brasil", diz. Ciro também não abandonou de vez a possibilidade de trocar o PSDB pelo PSB e concorrer a presidente. O ex-governador cearense deverá se encontrar nos próximos dias com o governador Miguel Arraes (PE), presidente do PSB. Principal crítico de FHC no PSDB, Ciro afirmou ontem já ter tomado duas decisões. A primeira é a de que, mesmo que fique no PSDB, não votará no atual presidente. A outra é não disputar mais um mandato ao governo do Ceará. A conversa entre Tasso e Ciro ocorreu anteontem à noite, no gabinete do governador. Na manhã de ontem, Tasso tratou do mesmo tema com Patrícia Gomes, vereadora pelo PSDB de Fortaleza e mulher do ex-ministro. "Eu não acredito que o Ciro saia do PSDB", disse Tasso, antes de viajar ontem para Brasília, onde se encontrará com o presidente. FHC teme prejuízos em seu projeto de reeleição caso Ciro passe para a oposição ou dispute o Planalto. Tasso tenta articular um encontro entre Ciro e FHC. Mas o ex-ministro não vê chances de aproximação. "Criou-se um clima de fofoca que inviabilizou o encontro." Caso perdido Ciro mantém o tom crítico ao presidente. "O governo FHC é um caso perdido. Não tem mais jeito", diz. "Não vou apoiá-lo de jeito nenhum." Pretende "continuar articulando com a esquerda". "Mas sem nenhuma vocação para me filiar ao PSB e PPS passivamente." Seu aceno em direção ao PT é mais objetivo. "O PT é o principal partido de oposição do país", afirma Ciro. "Se conseguisse se livrar dessa lógica paralisante da disputa interna e partisse para uma coisa grande, nós abalaríamos o Brasil." Embora admita um acordo com o PT, cujo principal cenário é a candidatura de Lula, Ciro também mantém vivo o sonho de ser candidato por uma frente de oposição. "Não sou candidato, não quero ser candidato e prefiro que seja outro o candidato", diz. "Mas se o pessoal da 'frente' chegar à conclusão de que eu seja o candidato, eu topo", declara. Texto Anterior: Senado quer derrubar aumento de verba pública para campanha Próximo Texto: Governador acredita em reaproximação Índice |
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