São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997 |
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Itamar teme ser abandonado pelo PMDB
LUCIO VAZ
Itamar teme se filiar ao PMDB e depois ver a legenda incorporada à aliança que vai apoiar a candidatura do presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição. Além disso, duas pré-candidaturas aumentaram a insegurança do ex-presidente: a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do senador José Sarney (PMDB-AP). O lançamento da pré-candidatura de Lula no 11º Encontro Nacional do PT preocupa Itamar e seus conselheiros, porque o ex-presidente contava com o apoio de partidos de esquerda e de centro-esquerda para enfrentar FHC. Sarney, outro ex-presidente, já declarou que, se o partido decidir ter um candidato próprio ao Palácio do Planalto, ele disputará a indicação. Em 1994, Sarney foi derrotada pelo ex-governador paulista Orestes Quércia na disputa pela indicação do candidato do PMDB à Presidência. Sarney avisou, porém, que desistiria de sua candidatura caso Itamar Franco decidisse concorrer ao Planalto. Mas o grupo que aconselha Itamar considera que o senador poderia encontrar muitos motivos para não cumprir o acordo em ano eleitoral. Pressão O PMDB tem quatro ministros no governo de Fernando Henrique Cardoso (Iris Rezende, Fernando Catão, Eliseu Padilha e Luiz Carlos Santos) e possui mais de uma centena de cargos nos Estados. Os peemedebistas, na avaliação do grupo de Itamar, estariam sujeitos a uma forte pressão do governo federal no momento de decidir se o partido deve lançar candidato próprio à Presidência ou se deve apoiar FHC. O aspecto positivo do ingresso do ex-presidente no PMDB seria a estrutura nacional do partido, que conta com diversos governadores, está organizado em todos os Estados e possui uma bancada forte no Congresso Nacional. Itamar considera que seria muito difícil enfrentar FHC estando num pequeno partido, como o PL -que já ofereceu sua legenda- ou o PSB. A sua candidatura seria "esfarelada", dizem os amigos. "Está na hora" Itamar conversou por telefone com o presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), no domingo. Ele avisou que tomará a decisão final no dia 20. "Está na hora. Ou acaba o prazo ou você acaba comigo", respondeu Paes. O presidente do PMDB espera há meses pelo ingresso de Itamar no partido. O deputado defende o lançamento de uma candidatura própria a presidente, enquanto o grupo governista, liderado pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), trabalha pelo apoio a FHC. Paes espera por Itamar com números otimistas. Ele fez um levantamento entre os convencionais do partido e afirma que terá pelo menos 445 dos 712 votos na Convenção Nacional. Espera ter maioria folgada em São Paulo e Minas Gerais, os maiores colégios eleitorais do partido. O presidente do PMDB espera realizar em novembro a Convenção Nacional que decidirá a posição do partido nas eleições do próximo ano. Os governistas querem adiar a decisão para o próximo ano. No dia 9 deste mês, Temer vai reunir os governadores do partido na sua residência para discutir a sucessão presidencial. Também vão participar do encontro os ministros e os líderes do partido no Congresso Nacional. Paes foi chamado e acrescentou mais dois nomes à lista de convidados: os senadores Sarney e Roberto Requião (PMDB-PR). "Como vamos discutir sucessão sem a presença dos dois pré-candidatos do partido?" Na última reunião promovida por Temer, com senadores, deputados e ministros do partido, Sarney e Requião fizeram discursos típicos de candidato. Texto Anterior: Governador acredita em reaproximação Próximo Texto: Eleição divide família Sarney Índice |
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